O Estrangeiro
Autor: Maria Teresa Sá... on Friday, 24 May 2013
Por mim passou
O estrangeiro
E nem para mim olhou
Estendi-lhe a mão
Por mim passou
O estrangeiro
E nem para mim olhou
Estendi-lhe a mão
ANGUSTIA
Ouço teu silencio estrangular meu riso
Vejo tua sombra roubar meu sono
E até a lucidez desse poeta insano
Delirante em febre desejou o abismo
Quantas noites precisarei chorar?
Com essas verdades a violentar meus sonhos
Loucos sorrateiros de verdades em punho
Mutilando o encanto do real ninar
E quando o grito eu precisei calar
O teu olhar aflito minha alma transpassou
Como um punhal de fogo, ácido e dor
Dilacerando os planos que eu quis ousar
ANGUSTIA
Ouço teu silencio estrangular meu riso
Vejo tua sombra roubar meu sono
E até a lucidez desse poeta insano
Delirante em febre desejou o abismo
Quantas noites precisarei chorar?
Com essas verdades a violentar meus sonhos
Loucos sorrateiros de verdades em punho
Mutilando o encanto do real ninar
E quando o grito eu precisei calar
O teu olhar aflito minha alma transpassou
Como um punhal de fogo, ácido e dor
Dilacerando os planos que eu quis ousar
5.
LISBOA PORTUGUESA
Lisboa
envelheceste. não há como negar: as palavras decompõem-te
como se fossem vermes a sugarem-te o sangue, o que esperavas?
a ciência não te reserva milagres.
Lisboa
cercada pela noite atlântica, por crianças ruidosas e felizes,
que ainda acreditam em ninfas e caravelas
e em Lusíadas, crianças ruidosamente empenhados no futuro.
Lisboa
cosmopolita do Minho ao Algarve,
das artérias populares e dos roteiros turísticos,
dos carros que adormecem e rodopiam e desacreditam a cidade,
Eis que na morada insana
composta de versos e mentiras
lírios e poesia
habita um céu estrelado.
O chão ladrilhado de metáforas
as estrelas repletas de sinestesias
Dizem que são os sonhos
Quem nos comanda a vida.
Pois então eu estou morto,
Porque em mim o sonho morreu!
Não há motivação ou ambição,
Apenas tristezas e cansaços.
E até a esperança vai acabando
A cada minha nova golfada de ar!
O meu íntimo grita socorro
Mas os ouvidos alheios tapam-se...
Nunca há quem o queira escutar,
Não há ninguém para se preocupar!
No silêncio escuro da noite
Ilumina-me esta breve consciência:
Os outros desistiram de mim,
Eu há muito desisti dos outros!
A solidão em que agora me percebo
É o reflexo do cego isolamento
Que sempre procurei dos outros...
Misantropo, eis o que me tornei!