A CIDADE CRESCE
Autor: António Jesus on Thursday, 3 November 2016A cidade cresce.
Os homens amesquinham-se entre os carros,
Que não têm por onde andar.
Árvores medrosas exibem nos ramos,
Folhas mortas de poluição.
E o homem, animal da orla da floresta,
Enfurece-se, qual fera cativa do cimento que o cerca,
Na nevrose quotidiana, que não ousa compreender,
Por indecifrável e vazia.
A cidade cresce.
As crianças surgem dos buracos das ruas.
Os drogados, vadios, abandonados,
Viram detritos nas portas de tascas e cafés.