ASTRO DA RUA
Autor: Guilherme de Azevedo on Saturday, 17 November 2012Fazia hontem já tarde um nevoeiro espesso.
--Que insonia em mim produz este humido vapor!--
Eu vinha enfastiado, ou turvo, emfim confesso,
Dos fumos do café, da luz e do rumor.
Um fantastico véo cobria as longas praças;
E o gaz ria atravez da grande cerração
Que em lagrimas descia ao longo das vidraças
E em flocos d'alva neve humedecia o chão.
Eu mesmo achava em tudo um tom maravilhoso.
Dispuz-me a crer no ceu a amar este ideal:
Do subito eis que passa um astro radioso
Luzindo-me atravez do magico cendal!