Geral

Os Ventos Rudes

O vento acabou,

Os lenços que sobraram,

Foi de quem não chorou

Quando o vento soprou.

Um sopro que me trouxe

Um bater diferente

Em meu coração,

Que ora falha,

Ora pede clemência.

Depois do vento,

Falta-me ar,

Falta-me vida,

Falta minh’alma opulenta.

O vento se fora.

Se ventar, será um novo vento,

Não aquele mesmo,

Que te trouxe e levou embora.

Ou seja: um outro vento,

Que me fará dispensar tudo,

Até mesmo lenços.

 

Humanidade é má

Sinto o temor
que corre em minhas veias,
agora a dor que sinto
já faz parte do que sou.
 
Nas madrugadas,
nas penumbras destas ruas,
criaturas obscuras,
a espreita nas vielas,
e o temor em minha mente transparece em minha face.
 
Em meio ao caos
que vive este mundo
a minha busca encerrou,
o paraíso não existe,
a minha busca encerrou.
 
Mas estes monstros

O Primeiro Sorriso do Mundo

Ninguém nunca sorria.

Nas cidades, nos campos.

Por todos os cantos,

Todos eram como que pedras.

Mesmo as crianças,

Ainda que fosse dia de festa,

Tanto fazia morte ou nascimento,

Vitória do seu time num sábado ensolarado,

Carrancas estavam estampadas.

Até o dia em que um senhor sorriu,

Riu dos entediados,

Não entendeu como acontecera,

Mas sentiu-se bem, aliviado.

Foi detido por comportamento subversivo

Torturado, chamado de possuído,

Drogado.

Difícil caminhar

 

   Caminho  contra o vento

  Difícil  caminhar

  Quero enfrentar

  Mas o meu passo é lento

 

   Dois à frente, tres à traz 

  Pó areia à levantar

  Os olhos a empanar

  Mil pensamentos, fugáz

 

  Quão  difícil caminhar

  Querendo abraçar a amplitude

  Sentimentos, coragem e atitude

 Desejo do mundo abraçar

 mas... caminho contra o vento.

 

  Nereide

Das Piores, A Pior

A dor furiosa,

A dor dormente,

A dor que morde,

A dor sem dentes,

A dor da morte,

A dor da parturiente,

A dor que explode,

A dor que mina,

A dor infame,

A dor decente,

A dor do velho,

A dor de novo,

A dor que te dói,

A dor do outro,

A dor que não passa,

A dor de quem fica,

A dor que não se vê,

A dor de quem sente,

A dor de quem chora,

A dor que sibila,

A dor de quem olha,

A dor cega que alucina,

A dor grave,

A dor aguda,

Convite

Tome-se por má comparação que seja, o vicio do cigarro – que coisa louca
Não é raro que recebendo um convite
Para encarar de frente o pelotao de fuzilamento, se vá de bom alvitre
Só pelo gosto de uma derradeira vez leva-lo à boca

Ou aqueloutro que em vida que vai longe era ordeiro e dedicado moço
Agora mal chega a noite se isola no quarto pretextando qualquer mentira
Abre a janela com pressa de aceitar o convite da vampira
E goza de antemão a morte pelo prazer de entregar o seu pescoço

Intriga-me a vida

A correria rotineira
nos torna despercebidos,
intolerantes, impacientes,
rumo ao mesmo destino.
 
A ambição em nossos olhos,
desfoca todo este brilho,
a natureza não se esconde,
sempre em nosso caminho.
 
A dor invade o peito quando a morte se aproxima,
quando surda toma a si,
nosso ente mais querido,
quando surda, dissipa,
a única luz que llumina.
 
Nossos gritos agoniantes,

SIMULACRO DE POETA

"SIMULACRO DE POETA"

(Poesia; fostes céu, inferno, luz, escuridão, pó e universo no meu caminho. Letra a letra, verso a verso, procuro-te sou teu peregrino)

No lugar dos sonhos, busco a inspiração perdida.

Antevi miragens pelos caminhos da utopia

A opaciade da mente oculta a fantasia

O corpo cansado transporta a alma dolorida.

No declínio dos dias, ao muro do meu desgosto,

Sou ponto e vírgula do verbo; poeta esquecido,

Filho de fogo-fátuo que tremula esmaecido

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