Geral

Retrato

Retrato

 

Não sei em que espelho

Ficou perdida a minha face

Os anos passaram a correr

E já sinto minhas mãos a tremer

Meus olhos estão vazios

O brilho que outrora tinham

Foi perdido numa dobra do tempo

Sinto saudade do desabrochar da vida

Do céu em que era sempre primavera

Das estrelas que cintilavam

Perdidas nas ondas do mar

Da lua majestosa em noites de luar

Meu anjo que já se foi

Repousa agora no firmamento

Entre águas frias e serenas

Envelhecer

Envelhecer…

 

As rugas surgiram sem darmos conta

Dia após dia pelos caminhos da vida

Os cabelos negros agora grisalhos

São a marca de uma vida repleta

De canseiras e trabalhos

Nosso rosto teima esconder-se

Envelhecemos. Dura realidade!

O tempo não pára, ele voa…

É náufrago duma saudade

Ai como voa o tempo!

Nossos filhos, estão tão distantes

Nossa vida se escoa

Céu da liberdade

Céu da liberdade

 

Ó céu da liberdade,

Se tu e a terra se encontrarem

E se o sol e a lua se abraçarem

O mundo ficará livre de dor

E no universo reinará o amor

Haverá festa no mar

E nos jardins flores de encantar

Os pássaros voarão livres

E entoarão hinos com o seu chilrear

Ó Céu da liberdade

Leva a chuva e traz o vento

Para as nuvens afastar

Cobre o solo de esperança

E escutareis cantar as ninfas do mar

Abre-se a terra em sons e cores

A boneca

A boneca

 

Que linda foi a surpresa

Naquela noite de Natal

O pinheiro iluminado

Com estrelinhas e bolinhas

E o presente habitual

Estava ela na caixinha

Escondidinha entre laços

E papel sacramental

Abria e fechava os olhinhos

Bebia leitinho e fazia xixi

Esta boneca era fenomenal

Foi meu último brinquedo

Que eu trouxe para Portugal

Em meus braços a protegi

Para ninguém a levar

Cansadinha que estava

Adormeci e não a vi ao acordar

Quando me sinto poeta

Quando me sinto poeta

 

Bordo versos com sentimentos meus

Disfarçada de escuridão, descubro a paixão

Renasço a cada aurora

Sou poeta que ri

Sou poeta que chora

Toco o azul do céu

Cubro a vida com um véu

Alcanço estrelas sem fim

E teço-as a marfim

Sinto o meu coração a mil

Será que estou a ficar senil?

Ohhh mesmo assim…

Sinto-me linda e maravilhosa

Até a noite está mais luminosa

E a lua mais formosa

Sou feita de pequenos nadas

Essa eterna melodia

Essa eterna melodia…

 

Melodia

Que escuto ao luar

Cobrindo-me de nostalgia

Canto sem voz

Que me faz sonhar…

Num recanto de noite gelada

Deixo-me dormir.

Enrolada na aurora

Acordo sobre o orvalho

Que me refresca a alma

Alguém continua a tocar

Aquela música calma

Mas tropeço nessa melodia

Nos acordes de uma “guitarra”

Que ficou esquecida

Suave melodia

Que se levanta e ergue como um muro

Dando-me ânimo ao romper do dia

Jardim encantado

Jardim encantado

 

Divago pela natureza

O eco estremecido da voz da poesia

Entoa por entre as cores do arco-íris

Caminho para o jardim encantado

Onde as flores são mais risonhas

Uma guitarra toca uma saudade desmedida

É lá que jazz meu coração

Num estado de alma inquieta

Entre cansaços e lamentos

A beleza de um sonho

Está agora envolta em névoa

Em mim a infância sobrevive

Num mar mudo de águas revoltas

A brisa estremece

No sossego azul do meu céu

Escreve-me

 Escreve-me

 

Quisera eu transformar-me em vento

Chegar como brisa fresca

À ponta dos teus dedos

Desfolhar os livros teus

Beijar tuas poesias

Com o sabor dos beijos meus

Mas eu não sou vento

Sou apenas pensamento

De ternura que o mundo me deu

Quando meus olhos leem tuas páginas

Encantam-se com a letra dos teus versos

Meu espírito cresce

E o amor em mim se fortalece

Procuro-te oculta no horizonte

Mas já me creio esquecida

Na água daquela fonte

Folhas que caem

Folhas que caem

 

Nas dobras do tempo

Soltam-se as folhas

Que caem singelas

Em piso molhado

Umas redondas avermelhadas

Outras amarelas aveludadas

Outras verdes,  acastanhadas

Carnudas, pontiagudas

Caem no chão

Cobrem o solo cinzento

Da cor do outono

São semelhantes

Mas todas diferentes

São poemas de amor

Que o vento deixa

Aqui e acolá

Nos olhos de quem espera flores

Voam folhas de Outono

Por entre as chuvas

Deixando o perfume

Essência da vida

Essência da vida

 

Reinventa-te sempre que a vida

Pedir um pouco mais ti

Perde-te, procura-te e encontra-te

Valoriza a essência da vida

Cultiva valores

Ama profundamente

O amor é a essência da alma

A vida é uma rua de sentido único

Segue em frente

Não faças marcha atrás

Na essência da vida

Tua alma tem pressa

Nunca desistas de amar

Assume o risco

Demonstra o teu amor

Pratica a bondade

Não cries sofrimento

Brilha, conquista, aparece

Pages