Geral

Aleteia

Vã verdade apetece-me,
palpita com sede o vinho,
deságua a mentira inebrie
com a doçura do amor tinto.
Procuro-te com a polidez,
a retumbância de um diamante
escondida dos olhos e da surdez,
ouço-te na penumbra sensatez.
Sem vos nada queremos.
Se morta estiveres, findaremos.

Trovas

Os meus braços balançam
para uma dança sem fim,
o bailares se fincam
nas entranhas do marfim.

*
 
Ensinaram que o poeta
é pra lá de diferente,
é um inútil asceta
que pensa ser indulgente.

*

Sequer os vemos agora

A poesia não liberta

Poesia é sobre o leitor,
leitor este que determina,
não só sobre o fulgor,
mas a luz que luzia a vida.

Escrever é se condenar:
algemas afirmam o verso,
estamos presos em um luar
que se míngua em um terço.

Rezaremos então ao sol,
o que se cultiva escriba,
culmina força no farol,
irradia força que fortifica.

 

Halloween

Embalsamado, tão mumificado,
o homem enlaçado é engraçado.
Ele veste mil faixas e vai dormir,
já a bruxa, o enfeitiça e faz cair.
Seja nas tentações ou no papo,
o dorminhoco é otário, é fato.
Acredita no pós-vida e em Toth:
‘’O que está em cima, está no calote’’.
É um mero faraó enganado,
diferente do fantasma datado.
Faz ‘’bu’’ no meio da madrugada,
assusta até a velha encalhada,
pelo menos não é a dona morte,

DETALHES

 

 

 

nada a se ver

ou reparar

a não ser os detalhes

do olhar

 

nada a se fazer

ou esperar

a não ser a iminência

do que será

 

nada a se temer

ou considerar

a não ser um pássaro

e seus ideais

 

nada a se dizer

ou retratar

a não ser a palavra

e seus rituais

 

 

 

 

 

 

 

 

Pages