Intervenção

LIBERDADE - palavra mágica

Olhei.

Tempo e espaço parado.

Costas grudadas à terra nua.

E, essa imensa manta de estrelas…

Que tremeluzem,

Brilham,

Enganam,

Iludem.

Resto selvagem de homem nu,

Imolado no altar da Terra.

 

Na noite,

Corro atrás da palavra mágica.

Que abre portas,

Faz sorrir pedras,

Afasta corpos.

E,

Em troca,

Emoldura de sorrisos a noite fria.

 

Eleva-me ao pináculo do monte.

Protege-me da fúria das águas,

Quebra o vento.

SÓ o LIVRE É SIMPLES

A poesia é coisa simples.

Simples como a vida,

Na Terra onde ela existe.

Simples como bagos de orvalho,

Caindo de pétalas jovens,

Sobre terra virgem.

Simples como pássaros voando,

Vivos e livres.

Vivos por livres.

 

Olha os campos,

Olha as serras,

Olha os mares.

Tudo é simples.

Todo o belo é simples.

 

Deixa a máquina,

Suas engrenagens complicadas e frias.

Mãos alavancas, que enterram vida,

No jardim do terror, na aridez da guerra.

Dorme homem. Dorme.

Dorme homem. Dorme.
Dorme à direita do charco e, em sonho,
Liberta os pés do barro em que te atolas.

Dorme homem. Dorme.
Só em sonho pode surgir o riso feliz
Que ostentas e derramas na tez calosa.

Dorme homem. Dorme.
Deixa que a máquina role e escravize,
Que as algemas te apertem os pulsos,
Que vires peão no jogo da guerra.

Dorme homem. Dorme.
Dormindo justificas o estar parado,
Enquanto outros avançam sobre tuas costas.

Os velinhos da minha aldeia

Os Velhinhos da minha aldeia.
As costas curvadas pelo peso da idade.
Já, Não sonham mais grandes viagens.
Em Beira mar ou em margens.
 
Os velhinhos da minha aldeia.
Sobre os traços dos seus rostos.
Quantos socalcos lavrados e esteiras.
Pelo tempo e á dureza das lavouras.
 
Os velhinhos da minha aldeia 
Não viram mais lindas páginas.
Um caldo como bebida.
Um pouco de pão que se compartilha.
 

Estrela

Deixei meu coraçao aberto, foi o meu fracasso

Bebeda e cais no chao, so queres estar só

Nao consegues ver a tua dor?

Deixas-me doido em nao puder ajudar

A minha fraqueza diz quero de mais

Tentei ajudar-te antes

Ofereci a minha mao e deixas-te só

Afogas-te na água,

Como posso ajudar-te?

Eu estou a seguir com a minha vida

Deixa me invernar

Neste 25 de abril,
Nas comemoração, da “revolução”
Do que parece uma ilusão
Nesta nação, País débil,
 
Nesta triste primavera
Quem me dera
Que como as flores,
Que com todas suas cores,
A esperança renascesse,
 
O cravo de novo esclarecesse,
O espirito de abril aquecesse,
A dor do povo desaparecesse,
Mas neste jardim 
 a beira mar plantado,
Nenhum parasita foi eliminado.

O Rico

Agora que tenho frio e tremo
Quero aquecer-me com um cobertor
Sentir o quente do tecido
Que me conforta e dá calor

Ligar o fogo e fazer chá
Convidar o amigo e beber junto
Biscoitos, travessas, azevias...
Para o Natal, todo o conjunto

Mesa farta e azevinho,
Ao centro e sem malícia
Cerveja, sumo, vinho,
Todo o tipo de delícia

Quero ter perto a minha família
Dizer-lhes o quanto os amo
Abraçar, beijar, rir muito
E preparar o novo ano...
 

Um Lindo País

(Para o meu querido povo, que sempre me apoiou)

A quem sabe do que falo
É dedicada esta quadra
A partir de agora não me calo
Nem que me levem para a esquadra
 

 

Portugal, tão pequenino
Mas tão cheio de grandezas
Onde quem luta pela vida
Vive a vida com miudezas

Portugal, de vista curta,
Procura a sua salvação
Mas a doença não tem cura
E ainda nos rouba o pão

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