Ave no ninho
Autor: Machado on Thursday, 30 April 2015Ave no ninho
Ave no ninho
UMA FLOR CAIU
Olho uma flor que cai...
Ela não queria cair.
Olho um amor que se vai...
Ele não queria ir.
Olho a vida passando...
Peço pra chegar.
Ela já chegou,
Precisa passar.
A chuva cai...
Ela não queria cair.
Ela queria descer.
Descer; como se desce uma escada;
Mas, a ordem é para cair...
E deixar a cidade alagada.
Você quer que o amor fica;
Mas, ele se vai...
Você quer que o amor fique de pé;
Mas, ele cai.
Musa inspiradora dos meus versos
Que acaricias as estrelas
E apareces majestosa ao luar
Espelhas-te nas águas cristalinas
Enquanto os lobos uivam
E os poetas libertam sentimentos
Estimulas os sonhos
E fixas-te no coração
Do homem apaixonado
Lua…
És o mistério que só o amor sabe explicar
Peço-te protecção para o meu coração
Retira dos meus pensamentos
Um passado de desilusão
Tu que tens um lindo brilho
Um gesto de clamor
Que fecunda em admiração
Que encanto
Este momento presente
Que lindos painéis
Bailam na minha mente.
A inspiração faz-se presente
E tudo se torna poesia eternamente.
A brisa invade o meu olhar
O perfume do vento embriaga-me
Sinto saudade do mar...
Vem meu amor...
A noite não tarda em chegar
Vem vislumbrar o por do sol
A paisagem é de encantar
Vem ver o sol a fundir-se no mar
Vem conjugar comigo o verbo amar
Primavera
Ejaculei pensamentos
Sobre a réstia da lua,
Recebi da noite
O orgasmo das estrelas!
No céu estava escrito
Que, para concebê-las,
É preciso despir-se das vaidades
Que a terra acumula.
Masturbei ideais
Que se bronzeavam
À luz do sol!
Ganhei do dia
O abraço com
Flores de primavera,
Mas o vento imprimiu
Na brisa de minha janela
Que o calor alimenta
O bater dos corações e
Desnuda-se de seu anzol...
Copulei com as folhas caídas
Ergo-me setentrional e orador no Mediterrâneo,
Sou filho do tempo e adorador do Pacífico,
Navego em águas cristalinas com dons específicos
E sobre altares de pedra sou lutador espontâneo.
Desbravo as correntezas coadjuvantes do Atlântico
Perambulando sobre vagas revoltas e bravias,
Venço aos mares, não sou enciclopédia doentia
Que se envolve em torvelinhos que causam pânico.
Batalho inimigos que cruzam afoitos o Índico
E os faço prisioneiros por serem cruéis e cínicos
Como posso explicar
que neste meu cansaço
uma estranha leveza
se torna quase bem estar.
Sendo isto um embaraço
proteção da alma de certeza
finge tão mal o coração
nesta estranha leveza
estar bem quando já não!
Deixai-me ouvir a voz que sussurra em minh’alma
E as cachoeiras que choram águas na natureza...
Prados e bosques sentem no frio dos ventos
A algazarra dos pássaros que cantam solitários
Melodias em que o crepúsculo convida a aurora
A bailar perante o rubro arrebol que desperta e morre...
Deixai-me escutar o mar que joga bravias ondas
Sobre as pedras insensíveis do pálido litoral
Que boceja suas ingratidões sobre tapetes de areia...
Tempestades de emoções inundam no calor das noites