Prosa Poética

Essa tal liberdade

Foi-se o deslumbramento
 
vestido na alvura
 
dos meus selectos sonhos
 
quando partiste aliciando-me
 
com saudades suturadas em
 
nossas fatais aventuras
 
 
- Foi-se minha fuga inundando
 
de luz o cárcere onde depositámos
 
primitivos versos de amor
 
inconformados,quietos
 
meditando em cada gesto

Continuar a sonhar

Continuar a sonhar

 

Entre o sonho e o sono, prefiro manter-me na penumbra da vida.
Entre o sono e a realidade descubro que a vida é bem menos atrativa do que o sonho prometia.
Entre a realidade e o sono prefiro manter vivo o desejo de poder continuar a sonhar.
Entre o sono e o sonho quero apenas continuar a existir e poder sonhar

Primeiro ensaio do nosso filme

Eram dias antes do teu aniversário, e só roupas, comida e papéis se atravessavam à frente dos meus olhos. Pressentia que em breve, estes meus iriam esvaziar e o coração arrefecer.

Começavam as horas da campainha tocar, trocavam-se abraços, palavras de conforto e de esperança.

Sabor atónito

Eis-me aqui
 
em ti pernoito
 
na morada do mesmo silêncio
 
ousando errático um gracejo
 
plasmático teu
 
Nos braços ávidos deportar
 
os afáveis e fecundos méritos
 
de uma eternidade sem fim
 
onde te cortejo
 
estupefacto e consolado
 
sem nada mais que o teu sorriso
 
assim me afague abrasivo

Elegia

Procurei  respostas
 
fragmentadas em ti
 
elaborei na religião do tempo
 
um sacrifício temperado por
 
palavras lavradas na simpatia
 
dos nossos desejos
 
 
– Soergui aquele sensual paraíso
 
onde nos envenenamos de paixão
 
sem mais encontrar outro antídoto
 
que não
 
desfrutar-te eloquente
 

Sentença de vida

Despejei ao redor do mundo
 
uma porção de luz travestida
 
de prantos enfeitados de chuva
 
e murmúrios divagando pelas encostas
 
do tempo vadio
 
deformando meu quotidiano dos dias
 
indecifráveis ,tardios
 
 
– Percorreremos esta noite
 
madrugando até rejuvenescer
 
esta poesia núbil onde
 

Rabiscos no tempo

– Hoje alimentei-me em teus oceanos
 
fartos de vida
 
onde recrutei todas as palavras
 
ao tempo
 
denunciando meu amor
 
coleccionado em sofrimentos
 
repartidos em gomos de tédio
 
que a esperança alimenta
 
displicente
 
diluindo assim meu poema
 
mais faminto
 
neste presídio onde moro

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