Prosa Poética

PELE

Esta pele que há em mim

pulsa 

o que por dentro eu sou

envolve 

mil eus que coexistem em mim 

numa paz -pólvora 

sempre pronta a explodir...

como mil pombas a esvoaçar pedaços de mim

num puzzle inacabado mas emoldurado

Orvalho

Quem me dera morrer no orvalho dos teus olhos.

Aqui me debruço

no limite do teu rosto,

procuro-te no excesso da neblina do meu ser

como se todos os olhares fossem meus.

Permito-me ouvir o leve respirar

do sepulcro silêncio do orvalho.

 

Gila Moreira 13/03/2014- Para ti Amor

O meu livro

Foi para ti que desfolhei ventos,

que rompi o meu olhar,

que criei todas as palavras perfumadas,

que cuspi as cores douradas.

 

Escrevi-te,

e no avesso das palavras

inventei-te,

acariciei-te,

Amei-te sem saberes.

 

No contorno da tua página

desenhei o céu,

na liberdade das minhas palavras

voaste em pedaços de papel.

 

Para te conhecer

Sou Ilha esquecida

Esqueci-me da terra

embebida pelo mar,

sou a sede da ilha

e a fome da onda

que se agita ao luar.

 

Aconchega-me nas vésperas do amanhã,

depois, meu amor,

regressa à origem da fonte,

pois eu serei a última gota

que queima a sede.

 

Repara, amor

no labor das nuvens

que  me sobrevoam

e como elas ocultam a ternura do Sol.

 

Escreve-me Mulher.

Escreve-me Mulher a tua essência,

uma palavra apenas,

uma carícia em cada pétala.

 

Há tanto tempo que és Mulher,

és terra coberta,

és mar que se agita,

és árvore de braços abertos,

és o fogo do Sol,

és dentro mim tudo que coabita.

 

Escreve-me Mulher! Descreve-me a tua ilha,

essa que o sonho domina,

escreve-me agora, enquanto Mulher,

enquanto a semente germina e

Pages