Prosa Poética

Vadiagem

Corpo de texto vadio em espírito leve,

memória incessante da vagabundagem dos pensamentos,

onde o sangue queima a veia do poema.

 

Quanta vadiagem cifra os sonhos quentes dos Amantes,

quanta nudez toma a liberdade de ti,

quantas paixões navegam aqui,

digo-te hoje que o desejo vagueia no vazio

da onda fantasma da ilusão.

 

São rasgões estranhos entre o temor e o espanto,

suturados de Amor na respiração anfíbia da Aurora,

Mente inquieta

A poesia faz eco na floresta do meu sentir,

por um segundo parece-me que outras vozes

do meu sentir  clamam e teimam silenciar esta inquietude,

minha mente inquieta é muro denso ao chamamento.

 

Mais uma mancha de metáforas invadem o meu poema,

o mar de Amor que sempre desejei parir,

nasce aqui em papel branco de mim,

Onde a mente inquieta

navega nas sílabas do verbo Amar.

 

Foste tu, mente inquieta,

O Amor permanece inominado.

Viajo contra o destino, mas

a favor das correntes e o

meu Amor permanece inominado.

 

Sonho-te-me mais leve que a chuva,

sem peso e sem corpo.

Purifico o sangue em cinzas de árvore,

Onde a sombra que nos limita,

estremece perante o Amor inominado.

 

Estas são as forças que prefiro desconhecer,

dizem, que estou longe da travessia dos teus braços,

dos teus lábios, que conduzem o espectral fervor,

"O Poema da Queda"

Desci do Céu por ti. Quando caíste, as minhas asas também perdi.
Segui, e ao seguir'te descobri, a liberdade do amor na queda.
Infringimos juntos a regra, eu poeta, tu poesia completa.
Meia culpa. A respiração aperta, está perto a queda.

Criados, dois em sintonia, a nossa língua é telepatia.
Tu sabias tudo o que eu sabia, eu sentia o que tu sentias.
Alegrias! A Terra tocámos, e esquecemos o que fomos um dia.
Fôramos outrora um pedaço do Céu. Anjos hoje caídos, sem magia.

Quero-te aqui mais Amante

Quero-te aqui mais amante que as infinitas rosas da língua.

Seremos a corrente da água em fogo batido na argila nua,

uma noite inteira, uma translação inteira do eterno sobre ti,

seremos mais do que Deuses  a vibrar e arder em floresta de chuva,

somos a combustão impossível de dois corpos.

 

Quero-te aqui dentro do fruto da árvore do Jardim,

da espuma de lábios,

bebendo as chamas,

as fúrias,

as ondas,

O Jardim do Éden nos espera

Sonho-te muito…

nas fontes vivas do meu corpo bebo-te.

Imagino-te a renascer nas águas de Amar,

na altitude incandescente do principio.

 

Somos o cântico novo…

beleza rara em mares de segredos,

amo-te poeticamente,

tenho-te para além do que há,

para além da dor da ausência,

para além de mim.

Sei que tendemos para temperaturas de fusão,

translação do Uno Infinito, além-dor.

 

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