Soneto

A Loira Fogo Que Ardia

A loira fogo que ardia,
Tão alta brasa elevou;
De paixão se espalhou,
Que o enfogo eu sentia.

Além, meu coração via,
Um amor que começou,
Quando sua voz rasgou;
Alma minha antes fria.

Em todos de mim havia,
Incerteza do que forte vinha,
Dos seus desejos vulcões;

Se era devaneio, já o tinha,
Embora deteste paixões;
Meu coração tanto a vivia.

António Vicente Aposiopese

Aniversário

Agora são 02.53 da manhã. Comecei o dia me lembrando

Que hoje eu tenho um coração para alegrar. Infelizmente

É um coração que está assim...distante, não está presente

Mas é um belo coração que amo que está aniversariando.

 

Por isso, para esse coração, mais do que nunca, eu desejo

Ironia...!

Ironia

(soneto sem regras)

 

Troça agora meu coração

Da cabeça que te dizia

Quando saltavas de alegria

 não ser tua toda a razão

 

Ora e na hora da agonia

Depois de mil lutas, cansado

A um canto desesperado

Só pranteias ironia

 

Cala tua amarga emoção

De tanta guerra perdida

De tão breve e fugaz ilusão

 

E apaga do peito essa dor

De tudo o que te fez a vida,

E volta de manso ao amor

Vieram ao Ló, os anjos do Deus de Abraão,
Anunciando o fim de Sodoma e Gomorra;
Disseram-o: pegue teus pertences e corra,
Do Céu, cairá fogo de enxofre até este chão.

Não te vires e vá naquela montanhosa região,
Acabaria Deus, das duas cidades toda zorra,
Apressa-te, que o revés vem sobre está terra;
E viu Abraão uma fumaça como de calcinação.

Estava Ló em Zoar e foi para as montanhas,
Transformada em coluna de sal, pelo caminho,
Ficou a esposa de Ló no instante que se virou.

Não Faz-sé Um Homem Com Devaneio

Assim como meu sorriso ausente,
Tem sido para mim teu ventre belo;
Fora, olhos meus estão; vieram vê-lo,
Cansado estou, de tocar-te distante.

Antes co'as mãos agora co'a mente,
Toco teu corpo ausente neste flagelo;
Sendo a única forma que sei senti-lo,
Pois, só o além toca estrela cadente.

Rasgue o teu mundo e dê-me o meio
Deste todo teu que jamais foi meu
Mais sofrimento tive do que tê-la

Não sou para desamores, um museu
Do meu coração, estou desampara-la
Não faz-sé um homem com devaneio

Meus Céus

Meus céus
Fez Deus
Para ateus
Co'teus Véus

Raios troféus
São todos seus
Não do Zeus
E seus escarcéus

Escaldante sol
Dias girassol
Feito foi para ti

Meu amor não briol
No sóbrio lençol
É apenas para ti

Pertence-te as terras
E tudo que faz eu
Até nossas guerras

António Vicente Aposiopese

Adultério

Mão-aberta de coisa nenhuma

E fechada: cheia de mistérios…

Afinal, adultérios!

E que trauma.

 

Mão-aberta e mão-cheia de tudo,

Desassossega o teu querer

Desassossega o esforço e o enaltecer

Para quê ficar mudo?

 

Se teus passos se ouvem ao longe

Devagarinho que vás, e por diante

Atropelos à minha mente, terás.

 

Fica, morde ou range…

Quero-te infiel, galante…

 - Desaparece daqui ó Satanás!

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