Tristeza

Deixo passarem as horas aguardando a remissão

 
 
Por vezes tento dissimilar,
não posso esconder a dor.
Agradar a alma inquieta
apenas com lembranças,
emoções evanescentes
ainda que na memória recentes,
dos últimos acontecimentos.
 
Insone, 
esperando nascer o sol,
aguardando na aurora carmesim 
um ramo de oliveira,
mantendo a alma ansiosa. 
 
Como a chuva que lá fora
tamborila sobre as vidraças,

Chove

O céu cobriu-se de luto.

A natureza pára, chora,

desfaz-se em lágrimas.

Cai um dilúvio lá fora!

Chove desesperadamente

contra a minha janela,

com tanta força, raiva!

Parece que sente…

Que a minha dor é dela.

NÃO VÁS AINDA

Pouso o olhar no teu rosto cansado
Não preciso dizer nada, conheces-me como ninguém
Com passos incertos e vacilantes
Levas-me até ao velho sofá da sala
Acaricias-me os caracóis, como fazias em criança
Enquanto deixo correr em teu colo,
Meu pranto…
Cada ruga no teu rosto tem uma história,

Oitenta Dias

Oitenta dias se passaram

Desde que você se foi.

Oitenta dias que não fazem a vontade

Que tenho de você ir embora.

 

Toda minha frieza não foi suficiente

Quando seus dedos afagaram meus cabelos.

Poderia ser perdoado por isso?

O sangue que fluiu da nuca à espinha

Correu devagar pelo presente que terminava a cada segundo.

O calor da sua mão inundou-me

Distância

Naquele oceano navegava

navegava para bem distante 

para esquecer tudo

para se aventurar

distanciar, e nunca mais voltar

 

Me perco no mar sem rumo

não quero mais voltar

estou decidido, não posso parar.

A imensidão desse mar 

é uma fria eternidade

 

Sem som, sem voz

me distância de tudo

me distância das coisas

agora estou só

na imensidão do mar

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