Tristeza

Distúrbio

Perguntei-te três vezes o teu nome, 
Repetidamente, 
Sem dar-te espaço ou tempo para responder.
Nunca descobri o porquê da minha obsessão com o número três.
Talvez por este ser frequentemente associado ao equilibro,
Um paradoxo um tanto irónico, visto eu ser associado a tudo menos a isso.
Mas prontamente respondeste
E, por momentos, perdi a noção se estava ou não a constantemente mexer a minha perna.
Quando discutimos pela primeira vez,

Se não houvesse Mar

Olho para a noite assim como para dentro de ti
Mas é tão difícil observar-te com clareza nesta ponta do oceano.
Julgo que se gritasse o teu nome, aqui, junto ao mar,
Aí chegaria um murmúrio levado pelas ondas do Atlântico
E não te aperceberias sequer da angústia que com ele foi carregada.
Entregar-te-ia tudo aquilo que de mim superasse as palavras que foram ditas,
Mas não foram recebidas como consolo
E esperaria que assim que a maré chegasse aí

A dor da saudade

A dor mental uma sensação de impotência, querer chegar, agarrar com força, abraçar para sempre e nunca mais largar, as saudades um ardor no corpo percorrendo dos pés à cabeça, uma doença que nos corrói a alma desamparada, como se estivesse cega a tentar chegar ao outro lado da lua, um sentimento que nos racha o peito em dois, perdendo os sentidos questionando o sentido da razão da vida, a falta de alguém muito querido a nos aconchegar a cabeceira, a fazer festas na cabeça nas noites frias de Inverno, a nos ler histórias de contos e fadas, magias e sorrisos lindos, a dor como posso a subjuga

Insónia

Insónia
 
As vezes perdido nas insónias
incrustadas no meu ser
quando as respostas fluem
sem contextos lineares
pergunto-me, contesto-me
as resposta sei até de cór, 
estão estampadas na distância 
e frieza dos sorrisos da dor
que me afligem todos os dias
e quando baixo meus abraços,
na indiferença dos sussurros
matinais, entrego-me então
decidido procurando mais que vitórias 
possíveis

Um Sem-Teto No Shopping...

Nasci na favela (favelado) 
Não tenho casa nem carro (sem-teto). 
Não tenho sapatos sports... 
Mas certo dia fui até o shopping de luxo.
Entrei na loja de grife;
Experimentei alguns roupões de seda...
Gostei muito do relógio de diamantes.
E como ficou lindo no meu pulso.
Pus os meus dois lindos filhos a brincar 
O mais velho sentou no cavalinho importado. 
Ficou se embalando... Ficou super encantado. 

Vida Severina (Mulher Atropelada)

Uma mulher atropelada 
Na avenida movimentada
Como uma vira-lata...
Ficou lá, estirada!...
Uma mulher. Atropelada. 
No anonimato. No nada... 
Duas horas e nada!
Carne morta na esquina!
Avenida movimentada...
Mais uma vida severina
Que nunca mais será lembrada. 
Empregada doméstica;
Ela estava grávida...
Ah! É claro que ela morreu. 
Ela continuou sendo atropelada...
Ninguém parou

Pobre Menino Inferior

Pobre menino inferior...
Três anos de muita ira e desamor.
Infusível com o mundo mágico lá fora
Malabarista da injustiça na mira do ardor!
Pobre menino inato
Mofado na infância do chato.
A rua é a rinha 
E ele nasceu na calçada da vizinha. 
Sua mãe, infiel, vacilou... 
Não andou na linha
Foi friamente dilacerada
Na esquina da Gean Meirelles de Espada.
O pai, preso quase a vida inteira,

A Nossa Ferida Está Infeccionada.

A feridama dos enfermos efêmeros,
Um corre com o fruto pra um lado!...
O outro corre com a vida pro outro... 
Manias? Pois deixe mesmo os teus desejos de lado!
Venha viver na nossa agonia
No berço do nosso pequeno quadrado...
Largue esse patrimônio imanejável!
E venha ralar a dose 
Na nossa sensação sufocável.
Venha! e nem faça cortesia. 
Passe com a cabeça baixa
Que hoje ainda não é dia!...
Nada foi questão de mágica. 

A insônia e ela

Uma mistura de carência noturna e desejo de estar

A cafeína invade minha mente

A insônia, porém vontade de descansar

Por falar em desejo, eu a desejo

Por falar nela, que tal falar de amor?

Se for pra falar do amor, só existe o nosso

O resto é plágio e por falar em plagio 

Acredita que ouvi nossa canção no rádio?

-E olhe que ele nem estava ligado, será delírio?

Aqui jaz a dor !

A alma dói, 
implora
chora
 
A dor corroí, 
rói
dói
 
E eu corro
sofro 
fujo 
 
E ao longe eu olho
molho
o ombro de um outro alguém 
com as lagrimas suas
 
Minha pele nua 
arranhada a noite
sangra de saudades suas
 
E eu me apego a alguém
que traz a paz
mas não tira a dor que em mim jaz.

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