Náufraga
Autor: Maria da Saudad... on Saturday, 28 October 2017
Naufraguei num mar de mágoas,
Perdida por não te ver.
Meus soluços são as ondas
Naufraguei num mar de mágoas,
Perdida por não te ver.
Meus soluços são as ondas
Tapera velha ranchinho Lá do sertão
Que toca o meu coração
Quando me lembro de que por La eu vivi
Hoje a saudade me devora
Não sei por que deixei tudo e fui embora
Hoje já não sou feliz vivendo aqui
Tapera velha ranchinho Lá do sertão
Aonde vivi com meus pais e meus irmãos
Deixei tudo e vim morar na cidade
Trabalhava duro enfrentando o sol quente
Tudo ficou guardado na minha mente
Hoje o que restou foi somente a saudade
Pela manhã levantava bem cedinho
Havia orvalho pelo caminho
Se eu pudesse falaria contigo de noite sentado junto a um rio, um rio que imaginaríamos juntos num sonho profundo, um sonho real, sim, porque os sonhos são reais, tudo é real, por isso existem palavras, sons, peixes, pássaros, pedras, peras, nozes, laranjas, canas, árvores, rios… e a voz da tua alma.
Fomos para um lugar isolado onde costumo pescar quando quero estar só, um deserto de mar e dunas; na areia da praia caminhavam gaivotas, pequenas rolas e maçaricos. O mar estava calmo, chamava por nós.
O teu olhar e a imensidão do espaço que me envolvia travavam a minha voz. Ficámos em silêncio, nada havia para dizer, apenas para sentir. Neste local, onde o mar canta e sol vê é impossível falar.
A vida não doeu,
A morte não trouxe alívio,
O homem se tornou pífio.
O amor não deixou saudade,
O ódio pediu arrego,
O homem se tornou árido.
A noite foi ao seu próprio enterro,
Do dia ninguém sabe.
O homem voltou a ser o centro,
Por isso mesmo,
Declamou-se, eloquente,
E amou.
Então o mundo acabou
Voltando a ser o mesmo
homem de sempre.
Junto a um pequeno ribeiro de água fria, um pequeno peixe olha para mim e fala.
- Pescador, se conseguires nadar comigo vais ser peixe como eu.
- Pensei… será mesmo!? bem… é melhor tentar nadar com ele, se o pescar ele deixa de ser peixe… arrumei a minha cana de pesca e mergulhei no rio, o pequeno peixe nadava junto dos meus olhos e voltou a falar.
- Pescador o que queres saber?
- Pensei novamente e perguntei, quero saber se gostas de ser peixe?