servidão

Poderá a pequena escrita ser a maior servidão de uma vida eterna?

Poderá ser perfeita?

A história,

pequena, estreita:

Escrita!

Ser desimpedida?

A mais interna?

Maior!

Servidão?

De dentro, inscrita,

Uma constante memória:

Vida,

Eterna devoção!

 

NA TRINCHEIRA DA RAJA

 

na trincheira da Raja

perdi minhas ortodoxas orações

depois, corrí para o entorno

para acenar aos transeuntes

e reter o trânsito

permitindo, assim,

à mulher nua 

atravessar a avenida

sem causar apreensão

nem tumulto

apenas um púbis descoberto

e seios à mostra

pois era cerimônia de gala

entre os seus amigos:

garrafas de vinho derramadas

e flores pisadas

pelos automóveis

ali mesmo

na trincheira da Raja

 

 

 

 

"RETICÊNCIAS DO DESEJO"

“RETICÊNCIAS DO DESEJO”

No princípio de mim.
Eras tu…..
No primeiro corpo que vesti.
Eras tu…..
No primeiro desejo.
No primeiro toque.
No primeiro beijo.
Eras tu….

Nas reticências do desejo, eu vou falar…..

No primeiro verso que escrevi.
Fostes tu que eu senti…..

E tudo o que fui e tudo o que sou.
Foi por ti…….
E tudo o que me falta ser.
Será por ti……
Antes que o teu tempo se esgote.
Vou chorar por ti……
Antes que o verbo me sufoque.
Vou gritar por ti……

Perdemos

Perdemos
Prefiro o vento após o banho frio
que seu olhar me vendendo vazio
sem o menor alento de um teu gesto
pequeno me comprar.
Aberto um sorriso, abrindo um delírio,
dentro de lábios permissos,
perto do mais santo vivente olhar,
mas nada removia tua frieza no amar.
Tuas conclusões de vida,
nunca te deixaram ver que próximo
estava quem nunca saiu de ti,
quem nunca desabraçou teu desejar.
Quando desvia teu olhar aos cantos
me escondo nestes recantos para
tua atenção roubar, procurando o rumo

Destarte existo...

Destarte existo...
Antes de sacar a pena, lavei as mãos,
antes de expor a alma, lavei meu corpo,
antes de alisar os cabelos, lavei a cabeça,
antes de começar a pensar,
lavei meus pensamentos.
Agora tudo limpo e purificado,
podemos começar a prosar e existir.
Posso expor os defeitos
de meu corpo com classe,
o brilho de meus cabelos arredios,
sem o odor de meus pensamentos.
Quanto cuidado tenho com meu corpo,
ao expor m’alma e replica-la nas letras.
Nesta audácia pra frente me escrevo,

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