VELHA MORTALHA

Mar velho feito em mortalha
Que na fria carne rasgada
Embalsamas todas as dores.
 
Entre os murmúrios tristes
Voz escura na calada garganta
Nas tramas obscuras da queda.
.
Ondas serenas de maremotos
Nos carinhos remotos em fúria
Lágrimas tuas em gritos roucos.
 
Tormentas tolas numa ambrósia
Vagos espaços nas lentes perdidas
Os arcanjos cantam proclamam amor.
 
 

Selva

Partilho certamente o desejo de poder voltar atrás

A curiosidade em saber qual o sabor da água que me foi rejeitada,

Talvez mudasse para sempre a minha perspectiva de sede,

Talvez fosse apenas água, numa idêntica, e tão aborrecida ausência de sabor.

Gostava de olhar para o passado, e não sentir saudade, essa cela de quatro paredes cada uma mais nostálgica que a outra, resume-se naquilo que foi, e já não é.

.Se eu tivesse mais, se eu fosse melhor.

Não teria menos, não seria pior.

Falta-me elegância, estilo, ou outro tipo de postura.

Transfusões...

De admiração
 
Em afeição
 
Com sorrisos celestiais
 
De contemplação
 
Sem raiva ou medo
 
De orações e arrependimentos
 
Com cânticos imemoriais
 
Com todos os temperos e sabores
 
De total comprometimento
 
 
Transfusões de saber abençoado
 
Nas palavras e versos
 

HEY! HEY! HEY!

HEY! HEY! HEY!

Por quem os olhos desaparecem tão bem

Para debaixo da sua ombreira de rímel roxo?

Em que mortes as próximas mãos?

Onde cavam os novos cangalheiros?

Em que clarabóia o céu encosta os lápis de cera?

Por que porta minha se apresenta um deus?

De que esmola ainda envelheces tu

Da qual não empobrece mais ninguém?

Que te parece hoje eu ser Romeu?

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