MARIA MAIO DO CAMPO
Maria Maio do Campo
Quem-te pintou
Foi um pintor
Que por aqui passou.
A praça
Os brinquedos das crianças, os bancos, as pessoas, as crianças a brincar e a sorrir
Subindo, descendo, pulando.
A via ao lado onde passam esparsos automóveis e as árvores na praça altaneiras para o universo espiritual
O banco da praça e eu e você:
Eu sozinho pensando em você.
A criança e o sorriso
A criança e o sorriso
Qualquer coisa
A matéria e o chão
O solo
As árvores sob o ar,
Os homens e os animais que nascem para o ar e vivem sobre o chão
A criança e o sorriso.
A toalha rasgada
Honesta, injusta, enxugável, maltratada, velha, rasgada
A toalha chorada, tapeada, machucada, rasgada
Transito entre os transeuntes com a toalha rasgada no ombro,
Sairei do banheiro limpo e enxuto.
Soem sirenes inquietas
Acordem o silêncio do mundo
Que dorme no muro da indiferença
Sobre os escombros da incerteza
E da inquietação.
Soem trombetas de alerta
Alertem consciências moribundas
Dos poderes da ganância
Que nos devoram
Nos sugam a razão.
Eu vejo o mundo negro de dor.