Fantasmas

Fantasmas
A casa era velha, escura e desabitada era muito velha. Antes dos interessados na compra e como sempre faço, fui dar uma olhadela.
Nas ruas da aldeia ouvia-se um estranho burburinho, escondiam-se nos rostos dos habitantes murmurios quase calados que se multiplicavam à medida que a noticia se espalhava:
- Está alguem na "casa". De imediato percebi que havia história naquela ou daquela velha casa.

CONTEMPLAÇÃO

Por longas horas na silente noite,
quando a dormência inda não o embala
contemplativo o seu olhar repoisa
naquela imagem muda em sua sala.

Em meio ao fumo do cigarro amigo,
que como nuvens a brisa modela
seu pensamento no brilho vagueia
da lua argêntea sobre aquela tela.

Súbito morre da garrafa o vinho
e nem percebe o pintor solitário.
Por longas horas seus olhos fulguram
na escuridão de seu ermo cenário.

Sentido

Porque não nos corrige o Mestre?
No grande lago ouvem-se muitos pássaros
São diferentes, com olhos maiores
bonitos mas sem medo de mim
estranho, tinham que ter medo e voar
sou alma de homem.
Talvez fique uns tempos.
Porque não me ensinas?
mostra-me o resto que é tudo...
olho o céu e vejo-me tão insignificante.
Breves sinais, brisa breve, breve vida.
Talvez regresse mais forte e te compreenda.
E me compreenda para me poder guiar.
E dizes tu que basta amar.
Simples e impossivel.

Lembro-me

Lembro-me

 

As lentas nuvens fazem sono,

O céu azul faz bom dormir.

Boio num íntimo abandono,

À tona de me não sentir.

F.Pessoa

Sempre quando eu paro

Não me percebo ao atinar

Sou desconhecido de mim mesmo

E não sei mais como mo encontrar...

 

Leio meus versos e me desconheço

Não me vejo em meus versos idos

Meus versos não são mais meus

São versos de todos os seres sofridos...

 

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