Um resto de alívio

Um resto de alívio
 
 
Perdi meu júbilo
 
num pranto de horas sem cadências
 
nem distâncias tragadas
 
na lonjura das noites sepultadas em mim
 
 
Brado meu desespero em prenúncios e medos
 
sem revezes nem descansos
 
apenas eu…acudindo-me sôfrego
 
na dor que meu coração enluta
 
 
Conduz-me plácido

A minha força

Acordei numa manhã fria, espreguicei com alguma dificuldade; contorci o preguiçoso corpo, e estiquei até conseguir. Tomei o pequeno-almoço e imaginei a liberdade, onde da minha entrada; olhava com a paz todo o esplendor, onde reina as pegadas presentes, o meu espaço a longevidade

Pela estrada fora...

Pela estrada fora...
 
e provavelmente em outro espaço do tempo
viveremos cada lua e cada brilho de sol 
como quem não fita 
nem mais entende
percorrendo sempre a mesma estrada,
aquela estrada 
onde os nossos passos 
deslizam sem cessar ao compasso
cauteloso perdido entre dois caminhos
sem erros impossíveis
nem fracassos admissíveis
FC

monstros

no negro da noite

monstros
passeiam-se pelas vielas

medo
sono
cansaço

abraça o frio
e adormece

esta noite trato eu deles

os teus monstros
os meus pesadelos

os que vivem debaixo da minha cama
os que habitam dentro da minha cabeça

o coração bate forte

esta noite os nossos monstros estarão juntos

DEVANEIOS

DEVANEIOS

Anda vem acariciar meu corpo
Nu e despido de preconceito,
Vem ímpia, pura e sedutora
Aquecer meu espírito em meu leito,
Vem perdida nesses teus olhos
De amor que enamoram o luar,
Vem dar-me um beijo quente de sonho
Para meu desejo arrefecer e saciar.
Vem aquecer meu corpo com o teu,
humedecer meus lábios
Secos e sedentos de desejo
Como o sol no seu apogeu
Da lua esperando um beijo.
Anda subir e descer o universo
Cruzando estes caminhos singulares
Do amor mais perverso 
Neste natal de prendas jubilares.
Vem caminhar na neve gélida
Neste frio de lembranças deleitosas
E unir os pés com minhas mãos
Como um embrião inseparável,
Anda vem acariciar meu corpo
Que se derrete como neve em pranto
Nesta paixão delirante e inconsolável
Que trespassa este corpo branco
De febre gélida e imensurável.
Corre em nós a poesia e o pranto
Corre em nós o amor e o desalento
Foge de nós a paixão como o vento,
Sobra de nós um desejo e um canto,
E na cobardia e nos devaneios do momento 
Ficam as prendas os gestos e as palavras
Aquecendo este festivo nascimento.

Jorge Manuel Ramos

 

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