Grande amor

Beijo a flor que me faz sofrer,
Que não pensa em minha dor.
Beijo a flor que não consigo esquecer,
Mas que se despede do meu amor.
Voa alegre o beija-flor,
Cantando minha dor.
Segue a vida sem pressa,
Deixando de lado meu amor.
Beijo a flor que me faz padecer,
Mas já convivo em paz com essa dor.
Beijo a flor que castiga meu ser,
Mas já me tornei escravo desse amor.
Voa longe o beija-flor,
Que já não canta minha dor.
Segue a vida orgulhosa
Da insistência do meu grande amor.

Oração pelos Meninos da África

Oh, Deus! Proteja os Meninos da África!
Sei, o senhor já ampara tantos meninos
Pelo mundo!
Mas proteja esses Meninos!
Os Meninos da África!
Quando nascem já estão sós,
Como pequenas estrelas perdidas na escuridão.
A miséria, senhora dessas terras,
Inimiga das famílias africanas,
Diverte-se sobre um palco de medo e dor
Os Meninos da África nascem sobre a terra
Machucada por guerras sem fim.
Oh! Homens cruéis que roubaram a beleza
Da África!
Cenário de Príncipes e princesas.

Onde nascem os amigos?

Onde nascem os amigos?
Da onde vem aquela mão que afaga?
E aqueles braços que abraçam
Da onde vem?
Da onde vem aquele sorriso?
Aquela maneira simples de amar?
Da onde vem?
Onde nascem os amigos?
Haverá um lugar no mundo?
Haverá um lugar secreto no mundo?
A única coisa que sabemos
Sobre os amigos
É que chegam de repente,
Criam laços
E ficam para sempre.

Gloriosa Pátria Minha Língua

Gloriosa Pátria minha língua,

Que da glória é bem falada e mal vivida.

Minha dor, minha pele, minha saudade,

Minha flor, meu rancor…e piedade.

 

Lusitânia das estrelas despojada

Em gral fecundo vaso anunciado.

Liberdade em cidades desbravada,

Idioma pelo mundo semeado.

 

Oh Gloriosa Pátria minha língua!

Diáspora abstracta fecundosa

De mundos e virtudes valerosa.

Sê minha, sê tua, universal,

Língua Mãe,

Sonho Pai,

De Portugal!

Versos Soltos 6

(Talvez Seja Este o Fim – Sexta-Feira)

 

Estou à muito deitado,

Mas não consigo dormir.

Não tenho sono mas estou cansado,

Só quero morrer ou fugir.

 

Ainda hoje acordei com vontade,

Com vontade de te abraçar e te ver.

A pensar que eras tu a minha metade,

Que faltava para me preencher.

 

Como dói estar tão enganado,

Versos Soltos 5

(Em volta de ti)

 

Sou um fantasma que vagueia pelo mundo,

Um vento que corre da terra e vai chorar ao mar.

Sou tal como um navio naufragado lá no fundo,

Mas que ainda sonha em poder navegar.

 

Sou um satélite que órbita em volta de ti,

Que quando não estás não sabe ser nem viver.

E que se alegra sempre que estás presente, aqui,

O CIPRESTE QUE SE ERGUE NO PÁTIO

O cipreste que se ergue no pátio

Na calma neblina da manhã

Dita em arrogância e coragem

A vida que lhe sobra por entre

A seiva, a corrente e a vagem

 

Iniciáticas todas as imagens

Destes elementos imutáveis de real

Nós é que sobramos da paisagem

E nos esfumamos breves no coral

Na praia, na planície e no areal

 

Ficam os nossos objectos, os resquícios

Reais de nós, como rastos de lava

Pedaços de vida, rastos de caracol

E a carne quente e astral do que somos

Barco Encalhado

Vês-me, tal como eu sou, velho e usado,

Já não me dás valor nem atenção,

As rugas, as brancas e a lentidão

Afastam-te deste barco encalhado.

 

Isolaste-me da tua sociedade,

Sem eu ser assassino nem ladrão

Enclausuraste-me nesta prisão,

Lixeira de cadáveres adiados.

 

Também eu já tive a tua juventude,

Também esse teu  mundo já foi meu

E eu, por ele, fiz o melhor que pude.

 

Ajuda quem ainda não faleceu,

Lembra-te que eu fui jovem como tu

E que tu serás idoso como eu!

A sombra das horas

O teu olhar é um poema,

a tua voz uma oração;

as tuas mãos são, na minha pele,

uma comunhão de sentidos secretos.

Os pássaros voam pelo firmamento

inquieto – perturbam,  por instantes,

a nossa quietude sublime.  O sol brilha

no cimo das cortinas cerradas e o amor urge,

no silêncio das palavras sussurradas.
 

O teu olhar recita a nossa solidão,

a tua voz exalta as minhas penas;

as tuas mãos afagam-me

por dentro da distância oculta do teu nome.

Os pássaros levam-nos os murmúrios serenos

A sombra das horas

O teu olhar é um poema,

a tua voz uma oração;

as tuas mãos são, na minha pele,

uma comunhão de sentidos secretos.

Os pássaros voam pelo firmamento

inquieto – perturbam,  por instantes,

a nossa quietude sublime.  O sol brilha

no cimo das cortinas cerradas e o amor urge,

no silêncio das palavras sussurradas.
 

O teu olhar recita a nossa solidão,

a tua voz exalta as minhas penas;

as tuas mãos afagam-me

por dentro da distância oculta do teu nome.

Os pássaros levam-nos os murmúrios serenos

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