Eu odeio o conhecimento

Eu odeio o conhecimento.

Maldita Eva saciadora da fome,
O fruto mais amargo: a promiscuidade.
Promíscua porque traiu o senhor.
Provou o que não deveria,
Pois agora, a humanidade se nauseia.
Vomita contradições do entendimento,
Somos regurgitos de ideias difusas.
Certo, errado, bem e mal, bonito e feio;
Todo conhecimento é um veneno,
Nossa cauda é o chocalho da cascavel
E as presas, são os livros.

Sem propósito?

Avidez por mudanças nos causam mal. Por qual razão tanta pressa em conhecer e alterar nossa realidade? Somos turbulências de píxeis, amarrotados pelo excesso de dopamina. Tudo o que é dito são remessas de conhecimentos que provavelmente não aplicaremos em nossas vidas.
 

RETOMANDO O RUMO

 

 

 

reler a luz

provisória dos esboços

como se apura

o pus

nas feridas das trevas

-paisagens difíceis

entre cipós revoltos

(como ninho de najas)

a confundir

o mérito desses versos

com incontestes

desvios de rumo

em que o poeta

se supera e retoma

o mérito

de não recuar

à sua pretensão

de esteta de palavras

e pacato artesão  

 

 

 

 

 

 

 

 

Toquei na alma

Toquei na alma e pressenti na derme dos silêncios
O tinir e vibrar de uma fluorescência tão desodorizante
Ali um eco periódico esboroa-se felino, volátil e sussurrante
 
Toquei na alma e reconheci nas palavras a doce licorosidade
Que apascenta o pleno esvoaçar do tempo alucinante, tão sibilante

Pages