Nostalgia morta

A nostalgia é uma mentira
Adornamos de boas lembranças
Só que no interior há o caos
Memórias são em tom de arco-íris
Pinceladas pela falta da lívida cor
Recordamos de um filme sem o final
O roteiro é quebrado e o diretor sumiu
Uma límpida tristeza é lembrar
Detesto o que já foi e o que virá
Sinto-me preso em um torreão
Escuro, gélido e sem soldados
E o ataque ao fronte é a nostalgia
Minha infância abaixo dos laranjais

FOCO CENTRADO

FOCO CENTRADO

 

 

ora aprendo

ora transcendo

nada resta

que não pretenda

tudo se enquadra

nesta agenda

tudo se engendra

em uma guinada

repentino desvio

para o âmago

da volúpia

que impregnou-me

de sólida valia

reação delineada

do eu absoluto

foco centrado

em minha vontade

 

 

O fogo que arde sem se ter

Ardendo sem se ver,
O fogo então apagado,
Putrefação não vai ter,
Nem será queimado.
O caixão é invisível,
O defunto, é o pó,
Voando e destemível,
Sozinho, sozinho, só.
Eterno éter a vagar
Numa noite fúnebre.
Fantasma a malograr
O terreno insalubre.
Se o amor é fogo
E arde sem se ver,
Morre lá no lodo
Chafurda sem se ter.

 

GONÇALVIANO

E mais uma vez em meus versos
Embarca uma linda normalista!
De colégio normal, uniforme tradicional...
Blusão, sainha em tergal, meião...
Paixão e admiração à primeira vista!
Menina-mulher até se formar...!
O sonho de muitas, um fetiche de alguns

SEIS INDAGAÇÕES

 

 

 

1.

para que instaurar

atos forjados

entre paredes mortas?

2.

para que postergar

urgências preditas

do éden secular?

3.

para que apagar

miragens provisórias

com blindadas auroras?

4.

para que expurgar

soluções evidentes

se seu viço é de glória?

5.

para que vergar

a pane das rochas

sobre a ruína do pó?

6.

para que refratar

o punho erguido

se seu gemido é de cólera?

 

 

 

 

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