poemas da razão
Autor: António Tê Santos on Sunday, 31 July 2022não me incorporei numa monótona formatura para que o agasalho dos meus rogos pudesse dilatar as ternas emoções; e para que o meu salubre comportamento assomasse num oásis redentor.
não me incorporei numa monótona formatura para que o agasalho dos meus rogos pudesse dilatar as ternas emoções; e para que o meu salubre comportamento assomasse num oásis redentor.
As balas, no fim, berrarão.
Vociferará o vinho do corpo,
E o asfalto cansado, apreciará.
No fim, o ferro mais resistente
Perfurará o ferro de dentro:
O essencial vermelho sangue
A nadar nas delícias da morte.
Os apitos irritantes chegam,
Dado o presságio do corpo:
Uma festa; levam o cadáver
Para um local melhor.
Sem dor, medo ou injustiça.
O brinquedo do homem
Dispara ódio e preconceito.
Até quando? Até quando
soçobra a verdade quando as quimeras se depositam no cerne da astúcia e da fraudulência; quando os desenganos se transformam em gumes perfurantes; quando recrudescem as ovações falsas e as vergastadas truculentas.
nasce na córnea das sombras
o rufar de planícies sonolentas
sobre
a trilha
dos anjos
vigora nesse instante
uma pausa de fresco silêncio
um acalanto de pedras
soando soando singelas
como uma reverberação
de vozes
no alcance
de meus desassossegos
atingindo num ímpeto
o sopro das pétalas de setembro
(transeuntes ocasionais
dessa elegia)
que
-implacável véu
transborda-se em mim
como um inefável prelúdio
afago afável de afrodite
"uma certa afecção particular, por meio dos discursos, a alma experimenta."
GÓRGIAS, "Elogio de Helena", 414 a. C.
Caligante ou em lai, o númeno ora a Luna (1),
Insciente se ao delubro se ao alcantil (2).
Fenestrando a sofrósina que, exil
De obsoletismo e de húbris, desaduna
A tenebrosidade. Asserida e una,
Qual fora uma hamadríade, que burile,
Paragone, em dianoia e em contracarril.
"Alea iacta est", desde a asir (3) ao que premuna
burilo os meus versos quando junto ao prazer de redigir as fráguas espalhadas pelas constrangidas sendas juvenis ou quando desloco do meu horizonte a trivial natureza humana.
a ânsia de derreter o gelo que se instala nos lugares onde progridem tantas guerrilhas torpes; de retirar do mundo a sua humanidade pungente para a cuspir no oceano da hipocrisia; de estraçalhar a tela anuviada pelas nossas ilusões.
há figurações que cicatrizam os nossos tormentos; há uma desenvoltura que proporciona as nossas investidas contra tudo aquilo que nos sobressalta; há um território neutro onde realizamos os nossos ideais.