Já é hora michê

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Quando abriu os olhos estranhou o branco da parede em frente. Tentou coçar a vista com a mão esquerda, mas viu que estava preso à lateral da cama. Tentou com a direita e o resultado foi idêntico. A ideia de que a mosca que zumbia no ambiente viesse assentar em seu nariz o apavorou, pois sabia que estava indefeso ante a ameaça varejeira e a dor aguda que sentiu no lado esquerdo da nuca só agravou o mal estar e o terror que dele se apossava. 

 

Máquina capitalista

Máquina capitalista

Ouço um barulho no ar, um grito que rompe o silêncio, um choro, desespero, um desejo...

Vejo um trabalhador a sonhar com sua casa própria,

Vejo um jovem correndo atrás do vento...

Nas comunidades a pressão é grande, tantos jovens virando traficantes, até os próprios estudantes estão envolvendo-se com meliantes...

Muitos pensam que a culpa é da favela e que todos os moradores de comunidades são favelados, ingênuos... Foram dominados pela mentira televisiva e mítica da mídia...

Ironia...!

Ironia

(soneto sem regras)

 

Troça agora meu coração

Da cabeça que te dizia

Quando saltavas de alegria

 não ser tua toda a razão

 

Ora e na hora da agonia

Depois de mil lutas, cansado

A um canto desesperado

Só pranteias ironia

 

Cala tua amarga emoção

De tanta guerra perdida

De tão breve e fugaz ilusão

 

E apaga do peito essa dor

De tudo o que te fez a vida,

E volta de manso ao amor

Estes não ficam...

Enfeitiçaram a estrada
Tão poderosa quanto a Terra que se cria, se nasce...
Mais milagre que fé em puro,
Estávamos em apuros com ela nela
O pó vermelho ao sangue pertencia a ela.

Os faustosos tamisados delinqüentes com espantos
Dos últimos sarros detidos pelas vergonhas.

Pedem trocados os que esnobam apelos
E se tudo fosse como antes,
Os que estavam em dívida com festas cruas
Teriam que emboscar um pouco de vinho
Na vide podre o negro fim de casca de uva.

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