Indeléveis momentos

Indeléveis momentos

Naufrague nos meus peitos,
Tartamudeia o teu olhar,
Na concuscência do teu beijar;
Dar-te-ei indeléveis momentos

Beba dos meus lábios o adejar,
Transpire os teus sentimentos,
Nestes meus poros sedentos;
Te perca em mim sem te achar...

Sinta meus dedos viajar
Nos teus segredos nus
Que por muito venho farejar

Morra de querer-me como Vênus,
Entregue o teu sexo e venha ondejar;
Cada instante co'lótus, compus...

António Vicente Aposiopese

Suaves desejos

Ah! Se eu pudesse passear na floresta dos teus desejos
Por entre as folhas caídas das árvores de teu sonho
Percorrendo a tua pele quente e macia como caminho
E respirando o ar puro e fresco dos teus beijos!

Ah! Como eu queria saborear teus lábios de rubra cor
E sentir a deleitosa fragrância da tua pele de limão
Pois teus beijos são mais deliciosos que licor
E o teu doce perfume, quero eu ter na minha mão!

Desejos secretos

Ah! Que bom seria ouvir o teu suspiro
Deitada sobre uma rede de pesca
Desenhar teu belo rosto num papiro
E respirar beijos teus como aragem fresca!

Encontrar em teu coração tesouros escondidos
Explorar teus labirintos secretos de prazer
Caminhar em teu olhar por bosques perdidos
E nele adormecer sem ter nada que fazer!

Sorver teu néctar quente como leite
Deliciando-me em teus lábios de diospiro
Quando em minha cama repouso, à noite!

VIRTUDES

VIRTUDES

Eu tenho poucos medos
E os segredos suficientes
Alguns desejos ardentes
E muitos enganos ledos

Não tenho queixas, eu as invento
Não temo a solidão, só me defendo
No espelho da ilusão me pego vendo
Todas as razões para o acalento

Eu tenho tolos e belos erros
E os silêncios gritados
Alguns prazeres citados
Nos insaciáveis versos que escrevo

TEMPO, FLORES E ABRAÇOS

 

Eu vejo o horizonte escurecer e o chão sumir

Em pó o sonho ao vento se espalha

Uma dor estranha no peito que já falha

Incandesce esse cruel punhal a me ferir

 

Basta um olhar assim sem freio

Feito de desejo, admiração e verso

Que encharcado de desilusão confesso

É loucura acreditar que de tanto te amar, me odeio

 

Vejo ser ilusão minha armadura

Minha fortaleza é sombra e solidão

Se nela pensava refugiar-me da emoção

Aprisiono-me ao céu da tua loucura

 

MEUS DONS

Tenho a alma repleta de sonhos
Tenho os olhos cheios de mar
Vivo como um encantado a voar
Sobre os silêncios de olhares castanhos

Tenho um canto desafiador
Um incansável viajar secreto
Um impossível desejo modesto
De ser causa e efeito no amor

Tenho o caminhar deserto
Entre espinhos, traumas e flores
Entre carinhos, dogmas e dores
Um caminho de infinito coberto

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