TEMPO, FLORES E ABRAÇOS

 

Eu vejo o horizonte escurecer e o chão sumir

Em pó o sonho ao vento se espalha

Uma dor estranha no peito que já falha

Incandesce esse cruel punhal a me ferir

 

Basta um olhar assim sem freio

Feito de desejo, admiração e verso

Que encharcado de desilusão confesso

É loucura acreditar que de tanto te amar, me odeio

 

Vejo ser ilusão minha armadura

Minha fortaleza é sombra e solidão

Se nela pensava refugiar-me da emoção

Aprisiono-me ao céu da tua loucura

 

MEUS DONS

Tenho a alma repleta de sonhos
Tenho os olhos cheios de mar
Vivo como um encantado a voar
Sobre os silêncios de olhares castanhos

Tenho um canto desafiador
Um incansável viajar secreto
Um impossível desejo modesto
De ser causa e efeito no amor

Tenho o caminhar deserto
Entre espinhos, traumas e flores
Entre carinhos, dogmas e dores
Um caminho de infinito coberto

A GUERRA DO SER

Dos batuques tribais soam vidas
Nos quintais abissais do universo
Sons e ritmos surreais viram versos
Nos mangues das almas vencidas

E começa a batalha contra a sina
Nas ruelas e becos do horror
Noite infinda em seu esplendor
Triste sorte que aos loucos fascina

Nos caminhos dos heróis imaturos
Os seres perdidos entre sóis
São linhas de negros anzóis
Construindo desertos futuros

A GUERRA DO SER

Dos batuques tribais soam vidas
Nos quintais abissais do universo
Sons e ritmos surreais viram versos
Nos mangues das almas vencidas

E começa a batalha contra a sina
Nas ruelas e becos do horror
Noite infinda em seu esplendor
Triste sorte que aos loucos fascina

Nos caminhos dos heróis imaturos
Os seres perdidos entre sóis
São linhas de negros anzóis
Construindo desertos futuros

CÁ, MIRA-ME ELÉTRICA (Á Camila Erica)

"Aqui, mira-me os olhos e desatina
Faz sorrir minha alma e desafia
Colore meu sonhar e me ensina
A rima em teu sorrir que me arrepia.

Ali, viajo em teu contar preciso
Que rasga o horizonte e descortina
Um visual de paz, um paraíso
A violar sem dor tabus e sinas.

Acolá, me despes os pudores repentinos
Com postura de madona invencível
E eu aos teus pés tal qual um menino
Aprisionado à luz de um sonho impossível.

CERTOS DIA

Há certos dias confusos
Que os tempos se misturam
Diversas flâmulas tremulam
Em nossos mundos reclusos

Há  certos dias estranhos
Que me pego desistindo
Á luz do existir sumindo
Entre o segredo e o sonho

Há certos dias de cismas
Que sou tarde mesmo cedo
E entre a loucura e o medo
Adormeço sob as cinzas

Há certos dias sem vidas
Que o sol esmaecendo vai
Que o concreto se abstrai
E o irreal se concretiza

RENASCIDO DAS CINZAS

Contos os dias que passei
Afogado em sofrimento
Minha dor, esse tormento
De forma subtil superei

Escondido na solidão
Chorei,
Lágrimas derramaram sobre mim
Pensei na morte
Vi-me dentro do caixão
Perdi tudo, pensei no meu fim
Agora,
Que minha dor saciaste
Rejúbilo de alegria
Não me sinto mais um traste
Vivo, sinto e vejo a luz do dia

Metade

Não sei que acaso,
ou que anjo raso,
deu-me o sonho que te contarei:
Foi na época em que viajei
e que entre misérias cinzas
e toscas marimbas
vi a mulher que me fez ficar quieto,
na meia distância de longe e de perto
e com a certeza do todo incerto.

Tão cansado de tudo
queria ficar mudo,
mas a paixão chegou
após uma seca de dois anos
e de mais de duzentos planos.
E a amei esperançoso
de que nela estaria o gozo
de uma nova vida nova.

OUÇO O TEU CANTAR

(Fragmentos de um Dueto)

A saudade que ora sinto
Parece que aumenta
É um jogo de ir e vir
E Ilumina a nossa aura
E o coração esquente
Como ao tomar vinho tinto

No íntimo do amor sentido
Há escondido um anseio
Perscrutando cada emoção
De um sonho que foi vivido
E que agora é devaneio
No fundo do coração

É um sonho idealizado
Quando ao mirar o mar
Com olhar maravilhado
Certeza de voltar a amar

De Branco Pintadas as Paredes São

De branco pintadas as paredes são.
Monotonamente.
Mente monótona esta minha mente.

O relógio devora as horas
que passam quadradas pelo futuro.
E, branco, ladro e mio
e vida e morte invadem
o meu pensamento catarino.

Vi uma catedral sem cúpula sobre a sua nave
pintada na retina do meu olhar ciclópico,
à sombra do sol de meio-dia que tranluz
o som metálico do tempo parado.

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