Futuridade

"uma certa afecção particular, por meio dos discursos, a alma experimenta."
GÓRGIAS, "Elogio de Helena", 414 a. C.

Caligante ou em lai, o númeno ora a Luna (1),
Insciente se ao delubro se ao alcantil (2).
Fenestrando a sofrósina que, exil
De obsoletismo e de húbris, desaduna

A tenebrosidade. Asserida e una,
Qual fora uma hamadríade, que burile,
Paragone, em dianoia e em contracarril.
"Alea iacta est", desde a asir (3) ao que premuna

Sem Mais

Cálida forma de ser
que aprisiona minh'alma
num dilema cruel de  viver
Entre a sede e o transbordar
o melhor de mim encontrar
com o que sei sem saber
Da intensidade que me criou e em minhas
 entranhas  fincou 
a certeza contrária de tudo que sou
Na estrada que se abre 
como cruz de alarde 
sigo em frente sem saber onde vou.
 

HÁ O QUE HÁ

 

 

 

há saudade que não se recorde?

 

há mulheres que são de ninguém?

 

há indícios de deserto na solidão dos pântanos?

 

há ternura que desagrade alguém?

 

há escadas para se tocar o abismo?

 

há virtudes que infligem temor?

 

há cores que vazam os olhos?

 

há rios que delimitam o céu?

 

há abrigo na louca paixão?

 

há trevas que contrariem  um olhar?

 

há delícias em lembranças malditas?

 

-há o que há

 

Pages