SOBRE A POÉTICA DO ENCANTAMENTO...
Autor: Serpente Angel on Wednesday, 3 April 2013
A chuva na tarde cinza
uma dúvida liquefeita
sonhos diluídos
“o que eu tenho feito da porra da minha vida?”
contemplo a água caindo do céu
enquanto me aproximo do inferno,
o inferno das palavras que não são ditas
enchentes, alagamentos...
é a Veneza do cerrado
e eu não sei nadar
não consigo mergulhar no oceano dos fluidos do seu corpo
pseudodeus
sem o néctar da sua saliva
humanifico-me
Se essa rua fosse minha
estaria repleta do sêmem que escorre da boca das freiras
e todas as sacerdotisas
que por ventura
viessem a minha rua
ficariam nuas, loucas e insanas
ninfomaníacas
Embriagas-me
Embriagas-me de ti
Para que me esqueça
E endoideça
Queres que me perca
E sim…
Perco-me de mim
E mato-te a fome
Essa fome voraz
Que nunca se satisfaz
Rasgas-me
Virgens caminhos
Falseias-me a incerteza
Sabes que não posso voltar atrás
Não posso…
Não quero…
Quero-me embriagada
Perdida
Cativada
Libertada…
Que me alicies
Mente-me neste instante insóbrio
Eterno momento fugaz
Em que te mato
Mata-me
Esta fome voraz…
Apavorante fantasia ser enterrado vivo,
Mas apenas para realidade, transformada,
Não para verdade insuportável.
Descortinando a fantasia,
Sem misturas,
Ser enterrado vivo é uma prova de amor.
Nada mais é do que a verdade de viver novamente no ventre materno.
LIVRE
SOU LIVRE
GRITEI
NA RUA
NINGUÉM
ME ENTENDIA
MAS OUVIRAM.
QUANTOS DEUSES EXISTEM?
SÃO BELOS E GRANDES.
QUANTOS DIAS A CONTAR OS DEUSES?
DESDE QUE VEJO
E OS HOMENS
NÃO CONTAM.
DEIXO
O MUNDO
O PALCO
INVISÍVEL DO AMOR
E ME DEDICO À FLOR.