MINAS PARA A POSTERIDADE

A posteridade é amanhã,

É a manhã que supomos ensolarada

Pelo nosso desejo de luz e calor.

E só o nosso desejo a faz assim:

Iluminada!

As reverberações dos raios do sol nos portais,

Os cotovelos na madeira aquecida das janelas

Abertas de par em par, 

Uma a uma

E todas ao mesmo tempo 

Na rua que desperta.

A posteridade se escoa

E se coa  como o café de cheiro forte

Que paira no ar por alguns instantes

Há alguns séculos

Nas cozinhas de Minas Gerais.

Medo de cair

Vou te agarrar,

Mas com carinho,

Não precisa ter medo de cair,

Mas não de se perder.

Vou te segurar forte.

Vou te apertar.

Por essa felicidade,

Não é necessário se responsabilizar.

Enlouqueça-te imoralmente,

Pois não a deixarei escapar.

Agarre-me!

Me segura forte,

Aperta-me.

Deitada, sinta pulsar,

Segure em meu olhar.

Retorne levemente de onde saiu,

Sem medo de se machucar.

No limiar de mim mesma hesito...

Quero me emoldurar na parede

E ficar inerte...

Oval ou quadrada?  

Escolho a moldura adequada...

Inútil..    

(  Observação: os dois versos, em negrito,  foram suprimidos na primeira postagem.  Acrescento-os, pois, aqui, agora.)

TRAJETO BOÊMIO

Um cheiro de botequim,

Um amor forjado a ferro e fogo

Só para mim.

Ruela escura

Que se contorce, 

Menina, dona da minha sorte, 

Meu querubim.

É seda pura,  

Água de cheiro, 

Lençol de linho, 

Noite sem fim. 

LIMIAR

No limiar de mim mesma hesito...

Quero me emoldurar na parede

E ficar inerte...

Inútil : estou na ordem alfabética da vida

E depois do amor vem a dor, 

Depois da paixão,  a solidão...

Depois....

Depois vem essa ânsia 

E eu me transbordo,

Meus dedos percorrem a página de mim mesma:

Me traduzem, me interpretam, 

Me decompõem em parte, me analisam.

E eu, transida de medo, 

Encolho um ombro,  o outro ombro

E  a cada descoberta

Mais me assombro...

JARDINEIRA

       82         O CRIADOR ME CONTROLA

Eu sinto muito, mas tenho que partir!

Não fico nem mais um minuto aqui...

Se ficar é só mais alguns dias!

   Quando o controle remoto, for apertado tenho que sair!

Que alegria em sentir!

Que tem alguem mandando, e controlando a minha vida!

Controla a entrada e também a saida!

Meu controle  está na mão do Criador!

  Ele aperta e lá eu vou!

Para ser problema, ou solução...

Seja como for! Ele está com o controlador!

Ele sabe qual o programa que Ele quer assistir!

Existe um calor, não é menopausa, é um calor que faz feixar as pernas...

Quando não pode abrir, que faz engolir em seco de baixo para cima...

    Quando não tem nada para engolir!

    Um calor safado, que chega em momento errado!

Esse calor não refresca com ventilador!

Talvez nem  com ar condicionado!

Mas se você me der um abraço, um amaço, rolar no chão comigo...

Por um fim nesse castigo! Vou sentir calas frios!

    Com você falando no meu ouvido,palavras de amor bem assanhado!

Então será consumado, o amor tão consagrado!