A QUEDA DO ASTEROIDE ( É o fim da aventura humana na Terra....)
Autor: Jamila Mafra on Monday, 18 February 2013
Te perdi, sim
Te perdi no meio
Da prolixa multidão
Do verde oliva das águas
Da Guanabara em liturgia
De tua fauna e flora matinal
Agora apenas restou o reflexo
Do teu rosto por mim
Jamais esquecido.
Como água viva de Lispector
Chaga de luz telúrica...
"Confesso que vivi"
E entre as ondas oscilantes
Vívidas pela límpida clareza
Dos teus claros olhos pensamento
Água viva em flor serei.
Se medusa queimo a todos
Agora verdadeira água-viva
Com toda ardência de minha
Perfeição maligna intacta
Me protejo antes de confessar
Meus segredos indeléveis.
Atravessei com o maior
Amor deste mundo
Campos primaveris
De girassóis
Numa Rússia
Sinuosa...
Com amor enfrentei
Sede, fome e frio
Mas tudo havia mudado...
Ao chegar, você lá
E meu amor continuou maior
Pois nem uma guerra
Impediria que a Primavera
Brotasse em meu coração...
Lindos jardins floridos
Sinuosos, às vezes, coloridos vistei
E encontrei lá você feliz...
De volta ao meu caminho
Para Itália voltei
E mais lindos girassóis
Contemplei...
Dentro do claustro
Do teu castelo
Em arabesques
Não imaginas
Que em meu peito
Inflama um core apaixonado.
E por centena de anos
Reprimido pela saudade
E pelas diferenças
Do meu reino
Minha Rainha,
Para ti pareci
Tão distante.
Não é preciso que
Me lance ao mar
Atravessando oceanos
Para nossas coroas
E corpos se unirem
Pois o território
Que pisamos
É e será o mesmo
E para tanto
Minha Rainha,
Basta o teu
Apenas teu
Mando e querer.
Tenho corrido doce desde minha nascente
Para as tuas águas: revoltosas salinas ...
Mas quanto mais perto eu chego, tu foges...
Entre ilhas, arquipélagos e lagunas
Tu te perdes... mas minha vingança chega
E ela é pura de marginal indolência
Quando tu, Mar que contemplo, me invades
Na fúria de uma tormenta violenta...
De mim se nutrindo... no delírio da divina Pororoca...