O coração dos homens com a idade

    O coração dos homens com a idade,
    A pouco e pouco, vae arrefecendo...
    Quão diversos me vão apparecendo
    Do que eram ao abrir da mocidade!

    O sorrizo não tem já lealdade,
    Lagrimas são difficeis... não as tendo.
    Palavras não vos faltam, estou vendo
    Mostrar o que sentis só por vaidade.

    Já não me illude, a Gloria que sonhei.
    Perdi a fé em tudo quanto amei.
    Mas só agora, eu sei o que é viver!

RASTROS

À direita a aurora de verão desperta as folhas e os vapores e os ruídos deste canto do parque, e as encostas à esquerda retêm em sua sombra violeta os mil rastros rápidos da trilha úmida. Desfile de feitiços. De fato: carros carregados de animais de madeira dourada, de mastros e telas de cores berrantes, no grande galope de vinte cavalos de circo malhados, e os meninos, e os homens sobre seus mais incríveis animais; — vinte veículos, corcundas, com bandeiras e flores como as carroças antigas ou dos conto de fadas, cheias de crianças enfeitadas para uma pastoral suburbana.

DOR, SAUDADE, E SOLIDÃO...

Um pedaço meu se foi com ela
A fiquei olhando de longe partir
Fiquei na escuridão, em luz de velas
Fingindo orgulho, mentindo em sorrir...

Foi uma partida, um adeus incompleto
Sem chão, razão, e sem teto
Fiquei a gritar, em oculto berrar
Uma dor, uma saudade de amar...

Enfim, tudo passou, tudo morreu
Lanço-me à mesa, para destruir o que restou
De um amor inacabado, que interrompeu
Uma vida, ou, que dela retou..!

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