MANHANS BRUMOSAS
Autor: Cesário Verde on Saturday, 12 January 2013
O coração dos homens com a idade,
A pouco e pouco, vae arrefecendo...
Quão diversos me vão apparecendo
Do que eram ao abrir da mocidade!
O sorrizo não tem já lealdade,
Lagrimas são difficeis... não as tendo.
Palavras não vos faltam, estou vendo
Mostrar o que sentis só por vaidade.
Já não me illude, a Gloria que sonhei.
Perdi a fé em tudo quanto amei.
Mas só agora, eu sei o que é viver!
Sinto
Um "não" pronunciado a partir da mais profunda convicção é melhor do que um "sim" meramente para agradar, ou pior, para evitar problemas.
Mais depressa se apaga o fogo com neve, do que apaziguamos o fogo do amor com palavras.
À direita a aurora de verão desperta as folhas e os vapores e os ruídos deste canto do parque, e as encostas à esquerda retêm em sua sombra violeta os mil rastros rápidos da trilha úmida. Desfile de feitiços. De fato: carros carregados de animais de madeira dourada, de mastros e telas de cores berrantes, no grande galope de vinte cavalos de circo malhados, e os meninos, e os homens sobre seus mais incríveis animais; — vinte veículos, corcundas, com bandeiras e flores como as carroças antigas ou dos conto de fadas, cheias de crianças enfeitadas para uma pastoral suburbana.
Um pedaço meu se foi com ela
A fiquei olhando de longe partir
Fiquei na escuridão, em luz de velas
Fingindo orgulho, mentindo em sorrir...
Foi uma partida, um adeus incompleto
Sem chão, razão, e sem teto
Fiquei a gritar, em oculto berrar
Uma dor, uma saudade de amar...
Enfim, tudo passou, tudo morreu
Lanço-me à mesa, para destruir o que restou
De um amor inacabado, que interrompeu
Uma vida, ou, que dela retou..!