cobardia

ESTOU CANSADA DE CORRER ATRAS DOS SONHOS,

DE PROCURAR A CADA CANTO A FELICIDADE,

CANSADA DE CHORAR E DE SOFRER,

MAS PORQUE ACEITO QUIETA ESTE VIVER,

CONFESSO A TODA A GENTE: SOU COBARDE !

 

QUISERA VOAR PRA ALEM DO VENTO

EM BUSCA DA MINHA LIBERDADE,

MAS CORTARAM-ME AS ASAS,NAO VOEI,

E PORQUE NADA FIZ,E NAO LUTEI,

CONFESSO A TODA A GENTE: SOU COBARDE !

 

QUISERA GRITAR AO MUNDO INTEIRO

A DOR IMENSA DA MINHA INFELICIDADE,

MAS FUI AMORDAÇADA,NAO GRITEI,

E PORQUE CONSENTI E ME CALEI,

O meu amor partiu

O meu amor partiu
Deixou-me no incerto
Na minha vida tudo ruiu
Ficou um espaço aberto

Caminho só, na minha estrada,
Não sei para onde me vai levar
Esta infinita caminhada,
Vou onde o destino me levar

Vais ver-me a sorrir
Quando por dentro choro
E tenho que te omitir
O que por dentro imploro

Queria voar, desaparecer,
Para não ter que te ver
Com alguém do teu lado,
Eu sei que está tudo acabado

JOANNINHA

_A Mayer Garção_

Descance de quando em quando...
Passar assim toda a tarde
Sempre bordando, bordando,
Sem que um momento desista,
Até faz pena! Não lhe arde
Nem se lhe perturba a vista?...

Descance de quando em quando...
Erga os olhos do bordado
E veja quem vae passando.
O trabalho alegra a gente,
Mas assim, tão aturado,
--Não lhe faz bem certamente.

A COSTUREIRA, E O PINTASILGO MORTO. (_Lamartine_).

Tu cujas azas tremulas
      O meu olhar tornava;
      Cujo trinado harmonico
      Meus dias alegrava,
      Ai, já não ouves!--Chamo-te,
      E é vão este chamar!
      Chegou a estação gelida;
      Foi para te matar.

Nunca me has-de esquecer! Por bem seis annos,
      Companheira leal
      Tu me foste, avesinha;
Meiga entre as meigas, desprezando os campos,
Deslembrada da mãe, que, á noite, aninha
      No movel cannavial.

A VICTORIA COLONNA

Não sei que ha de divino, força é crêl-o
    N'esses teus olhos d'uma luz tão pura
    Que, ao vêl-os, tive logo por segura
    Aquella paz que é meu constante anhelo.

    Filha de Deus, nossa alma aspira a vêl-o;
    Desprezando caduca formosura,
    Ella, em seu giro eterno, só procura
    A fórma, o typo universal do bello.

    Não póde amar, não deve, uma alma casta
    Fugaz belleza, graça transitoria,
    Coisa que o tempo leva, o tempo gasta.

*MADRIGAL FUNEBRE*

Na mortalha alheia não temos mais que fazer
     Bernardim Ribeiro.

     To die to sleep.
     (Shakspeare)

A ti que os meus ais resumes
Estas quadras dolorosas,
Corpo inundado em perfumes,
E de pomadas cheirosas:

..........................................
..........................................

A mim custa-me a morrer,
--Não por que esta vida valha;
Mas porque sei que heide ter
Teu coração por mortalha.

FOTOGRAFIA: “Casas de Brasileiro”

Casas de Brasileiro é um trabalho de 2008 de Júlio de Matos que já foi apresentado e notado internacionalmente.

Para lá da sua importância de investigação documental, este conjunto de notáveis moradias, chalés ou “manuelzinhos” de emigrantes e torna-viagem portugueses do século XIX e inícios de XX é uma série notável de abordagem estética, muito contemporânea, (planos horizontais, distâncias, ângulos) das mais sugestivas moradias que a elite endinheirada dos brasileiros foi edificando por todo o país.

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