Panteísmo
Autor: Florbela Espanca on Thursday, 6 December 2012Ao Botto de Carvalho
	Tarde de brasa a arder, sol de verão
	Cingindo, voluptuoso, o horizonte...
	Sinto-me luz e cor, ritmo e clarão
	Dum verso triunfal de Anacreonte!
	Vejo-me asa no ar, erva no chão,
	Oiço-me gota de água a rir, na fonte,
	E a curva altiva e dura do Marão
	É o meu corpo transformado em monte!
	E de bruços na terra penso e cismo
	Que, neste meu ardente panteísmo
	Nos meus sentidos postos e absortos