INCERTO E AUSTERO

 

 

só não me confundam

com a penumbra da noite

o desconforto do meio-dia

na trincheira escura que me atropela

sozinho na rua instável

 

me perco quase que completamente

justo como um descrente

por aderir a um riso fácil

um sinal de feitiçaria demente

comovente como um crime doloso

e me recupero por completo

-incerto e austero-

por causa de detalhes irrelevantes

diante da muita controvérsia

pelos transtornos que não causei

 

sei qual é a cor do pecado

Belas Artes

As setes verdades de uma boa nação
Pedaços refectivos, feito ambrosia
A história consome com pressa amoralidade
Autofagia tua própria cultura, à desordem
do capital, Ourobouros do eterno finito.
A Ordu Natura: Apolo assassinado por espírito
Entrópico, teu canalizador, Dionísio, o rejeita
Já não podeis contemplar o virtuoso sublime,
Hei de apodrecer sem enxergar o belo.

Na mansidão da solidão

Na mansidão da solidão esfregam-se elipsoidais silêncios
Profanos, embriagados, gravitando na imponderabilidade
Do tempo sequestrado no proscênio de uma hora atazanada
 
No travesseiro da noite encosta-se esta escuridão desgrenhada
Toda ela uma miríade de (in)tranquilas preces ígneas e alucinadas

Vida

A morte não deve ser nossa capitã
Por que Deus não é um Deus de mortos
Ó desvairada e antiga vilã
Morte, eterno é o teu despropósito!
De toda humanidade persiste em ser anfitriã
Se está vida é tudo que há
Existe dramatização, e tramoia
Onde já se viu , até três mil anos
Viver a Sequoia?
A humanidade paga o preço
Exorbitante
Da conta que Adão deixou sem quitar.
O mundo com esta sina é descontente
A morte e como um sono custoso
Chega deste vil descansar!
Feia adormecida

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