Brincando com as palavras
Autor: Madalena on Tuesday, 12 October 2021PEGANDO E PAGANDO. ENCOMENDO COMENDO. EU ME RENDO COM A REDA!
Madalena Cordeiro
PEGANDO E PAGANDO. ENCOMENDO COMENDO. EU ME RENDO COM A REDA!
Madalena Cordeiro
há um chão fértil que rasura as minhas equimoses; um anunciado debate que suplanta as minhas insalubres tentações; um feitiço que se apura nas expressivas imagens que persigo; um realçar das ideias que sustento e que transpõem o limiar da erudição.
Não me respondes, quando eu te chamo
Ainda que aflita seja a minha voz
A morrer da dor que provocamos nós
Deixas-me aqui, só e abandonado
Não foi esta a imagem com que sonhamos!
Vagas de tristeza e ondas de solidão
Afogam-me no mar desta condição
Em que só eu vivo e que nós criamos
Porque me queres aqui triste e desabrigado!
Para sempre náufrago perpétuo e condenado
Em dor consumido e neste atropelo
Sem a tua imagem, com que tenho sonhado
Mais valera que me tivesses afogado
Ó alma solitária, outrora envaidecida,
com amor tão grande a que foste torta,
Olhas a tua vida triste e desflorida,
Sentes o desespero a bater-te à porta?
Começamos a ficar saturados
Com a história do confinamento,
Mas será que é este o momento
De espairecer para todos os lados?
Cientistas, matemáticos e opinadores
Trazem certezas e lançam rumores!
Vamos pensar em deixar a casa,
Mas não sair para bater asa!
Baixa o número de infetados
O R vai para setenta por cento
Mas será que é o momento
Para deixar de ter cuidados?
Olha que os cuidados intensivos
Ainda tem números agressivos!
Vamos pensar em deixar a casa,
Dizer só que amamos, só para nosso bem
Ignorando os outros e seus sentimentos
Afogar os gritos e os pensamentos
Enterrar na lama, para o bem de alguém
quando a penumbra se dissipa há um mítico sucesso que encarcera a nossa amargura, retorcendo-a e desbastando-a; há uma paisagem entoada pelos cânticos que se debruçam das varandas da nossa memória; e há uma catarse que se aprimora nas incisivas viagens em torno de nós.
as marcas herdadas
pelas rugas do tempo
acompanham a noite
como um peixe tatuado
que flutua insólito
no aquário da sala
pelas suas margens e algas
-em instável desvario-
inscrito no espelho do medo
e ecoando através da madrugada
feito um insone tormento
tortura e açoite gratuitos
ditos à meia voz
por delinquentes “espíritos”
pesadelo náutico
ou chuva desértica
maremoto incontido
interrompido no parto da alva
sentença de remissão
Colisão entre planetas,
a órbita rasga a harmonia
dos dias furtivos de outrora.
Saturno retira seu anel,
joga fora sua essência cordial,
porque sua ábdita Lua
decide eclipsar junto ao
Sol, o rei cósmico do espaço.