os vocábulos que sustento são o augúrio duma nova era que eu desejo construir: através da sinceridade que os poemas outorgam para transformarem o meu dia-a-dia; através da dose de bravura que lhes permitem demolir os meus obstáculos.
patenteio os dísticos de malvadez que há no mundo para obstruir os seus dogmas; para conceber através dos meus versos um paraíso individual; para metamorfosear os seus pleitos numa utopia abrangente.
O tal evangelho dos fariseus
Mauro Antonio
A aglomeração não gosta de mim
Por causa do meu cabelo pixaim.
Meu Deus, em Seu Nome tanta gente ruim.
A aglomeração não gosta das manas
Poderia até fazer uma rima sacana
Pra todo e tanto ódio que emana.
Muitos desses e dessas dizem ser de Deus
Mas, pregam o tal evangelho dos fariseus.
Necessidade
Mauro Antonio
Tudo não passa de um retoque,
Uma maquiagem na ilusão
Pra que não se veja a prisão
Esteja a passear em Nova York
Oi vigilantes no Shopping Oiapoque
Ainda todos com a mente em detenção.
Uma necessidade urge em todo o universo
Mente, paraquedas, guarda-chuvas abertos.
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#fimdaescala6X1
O bom Amigo
Mauro Antonio
A psique coletiva não consegue ver
Que quanto mais coisa ruim a dizer
Tudo adiante é posto a perder.
Os inconscientes vivem a dizer
"... nóis vai descer nóis vai descer..."
Não vêem o mal coletivo que estão a fazer.
Ah! Poeta! Com tudo você implica!
Tem razão, o bom Amigo é o que avisa!
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#fimdaescala6X1
há dramas por interpretar no nosso comportamento discrepante: que escapam ao controlo da nossa sanidade, que fragilizam os sinais esperançosos da nossa raça, que desmoronam o nosso porvir magnificente.
espevitei as lágrimas em lugares secretos quando os meus ferimentos foram difíceis de transpor; quando as minhas inocentes posturas transgrediram as convenções; quando padeci tantas angústias e vexames.
gravei na alma os meus devaneios juvenis quando requeri asilo a quem contrariava a melancólica solidão; os velórios que rejeitei e as infâmias que padeci por ter enfrentado tantos preconceitos; a robustez da minha maturidade vigente.
continuo na senda da poesia urdindo palavras que destoam da banal compreensão dos factos; que ultrapassam a triste condição humana para afagarem os horizontes benignos que conseguem engendrar; que atestam páginas de encanto para cativarem os leitores.
A vidente
Mauro Antonio
Ela pegou em minhas mãos
Olhou com mais que devida atenção
Pude ver ali um ar de preocupação.
Sorriu meio que pra disfarçar
Tentando evitar o meu olhar
O que deveras me fez preocupar.
Com seriedade e calma foi falando
O tempo, inevitável, está passando.
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