Memórias

 
Permita, quem sabe, a memória
Com olhar que penetra e me afoita
Permita, quem sabe, se esconda
Debaixo de importunas sombras.
 
Que as palavras descartadas e arredias;
As sílabas aprumadas sobre o esteio fizeram
Despertar, sem preocupação, tal redondilha
Que a flavus; aos poucos lhe entrego
 
Posto que é chama, que arda.
Posto que é ferida, que doa.
Permita-me, Deus, que morra
 

Soneto do Amor Novo

Morro por ti de um amor tão novo

E vivo a te amar, porque não sei.

Sei que te tenho. Sei que por ti passei

Pelas provas da vida, e provo o gozo

 

Do doce mel de teu beijo gostoso.

E amo-te, criança, infantilmente;

Quero-te, meu brinquedo, desejoso

Por ti. Para te ter completamente.

 

Ah, vida boba essa de te amar!

E procurar por ti nas coisas belas

E ter certeza por ti, que esperas

 

Por mim, como espero por ti, serena

Flor silvestre do meu jardim, pequena

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