Soneto do Amor Novo

Morro por ti de um amor tão novo

E vivo a te amar, porque não sei.

Sei que te tenho. Sei que por ti passei

Pelas provas da vida, e provo o gozo

 

Do doce mel de teu beijo gostoso.

E amo-te, criança, infantilmente;

Quero-te, meu brinquedo, desejoso

Por ti. Para te ter completamente.

 

Ah, vida boba essa de te amar!

E procurar por ti nas coisas belas

E ter certeza por ti, que esperas

 

Por mim, como espero por ti, serena

Flor silvestre do meu jardim, pequena

Desagoneio

Percebes a inigualável quimera,
quem entre os moucos assevera?
Chama que destrói e te espera
na leitosa bruma, prouvera?
 
Esperá-lo-ás como num devaneio?
Esperá-lo-ia! Num desagoneio
Na brisa matutina permeio
Essa quimera por quem esperneio...
 
Onde estás a camurça-cetim?
Caminhou a trilha, a Flor-de-cetim
Esquecê-lo-ás as sílabas deste folhetim
 
Onde estás a senhora-dama, perdida num festim?

Voltar ao real

Um momento de paz.

Serena está a tarde, e faz

Meu corpo cansado repousar

Um instante, o bastante para flutuar.

 

O espirito liberta-se do corpo

Aberto o casulo vai sendo levado ao topo

Pelo espaço entre astros em silêncio,

Profundo; o mundo cintila com licêncio.

 

Agradecida pelo momento milenar

Peço, imploro, não jamais findar

Rodopiando em volteios, sou sugada

Feito um cometa volto ao real novamente plugada.

 

Nereide

 

https:/novanereide.blogspot.com

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