Nos umbrais do desejo
Ouve-se a voz de uma criança
No destemido firmamento
Nasceu a esperança
Como fora de ti
Sentes uma dor no peito
Em ti ainda pulsa
O ardor do teu leito
Tão longe de ti
Ainda arde aquela chama
De um coração selvagem
Que a inocência reclama
Coração faminto
Que saltas de prazer
Na eterna juventude trazes
A rebeldia em teu viver
Além de ti
Nada mais existe,
Do que um mundo
Que para ti subsiste
Pois que trema toda a terra e que se rache em mil pedaços
Despertando mil vulcões que desçam sangue e também lava
E o que o céu se escureça em sua tormenta vil e brava
Pois aqui eu estarei com minha flor entre meus braços
Pois que o mar de negro amor cale a coroa de vez flava
E que o vento mais sarcástico rompa lágrimas e laços
Que o deserto mais sombrio nos engula quaisquer traços
Pois aqui eu estarei com milha flor de pele alva
Pois que o mundo se acabe, nada mais tem importância
eu emudeço
e, pensativa,
acumulo afagos
do sol
que te amanhece.
eu me calo.
sim, eu silencio.
espreito a lua
que te anoitece
e desejo,
e espero o teu beijo,
verbo que liberta
a palavra,
até então aprisionada,
neste silencioso
despertar...
Eu quero ser, para ti, imprescindível
como o ar que tu respiras.
Quero que meu beijo te acalente e
que meu abraço seja a tua proteção.
Eu quero te fazer desistir de chorar
e, se incapaz disso,
quero ser eu a te confortar e
enxugar as tuas lágrimas incontidas.
Quero caminhar ao teu lado,
mesmo em silêncio; contemplar contigo
cada nascer e deitar do sol.
Eu quero dormir em teus braços,
segura de não haver lugar mais seguro;
deitar e acordar ao teu lado.
E pelas sombras ele vai, e ataca sem piedade,
Uma coisa nele vale, a sua lealdade.
Ele só quer ser dono do teu coração,
Mas tu sempre lhe dizes não.
Amor, muito ele te prometeu,
Carinho, disso sempre te encheu.
Mas a tua indiferença muda o seu coração,
E torna-o em algo que não é ele, não.
O que ele quer é poder te amar,
FLOR DE QUERUBIM
No teu jardim de Querubim,
onde nasce o bem da existência
e a eternidade se funde na ausência
flutuam auréolas de prata e cetim.
Quero a tua alma, mas não a consigo conquistar,
Estás a mundos de distância e eu que não posso voar.
Que será feito disto que sinto que sinto no meu peito?
Se só nos podemos encontrar naquele mundo tão imperfeito.
Não sei que tolice passou pela minha mente,
Para acreditar que isto podia ser levado em frente.
Porque é que tive de cair nesta armadilha outra vez?
Tendo apenas o cooler da minha máquina e a minha respiração fraca como companhia pros ruídos dos meus dedos ágeis e inquietos, tento não me aborrecer com a luz forte do monitor, que me cansa a vista e obriga-me a fechar os olhos enquanto escrevo.
