Geral

Eterno Verão...

Deixa-me ficar aqui mais um pouco,
sentir-te pela última vez,
eu sei que vais voltar,
para o ano outra vez...
Só não sei se me encontrarás,
porque não sou dona do destino,
posso perder-me eu nele,
e não encontrar o teu caminho...
Deixa-me ficar mais um pouco,
fazer da areia a minha cama,
com lençóis desse mar,
que enquanto me cobre, me chama...
Grita o meu nome entre as vagas,
porque sabe que lhe pertenço,
sou filha dessa imensidão,
criada dentro do seu berço...

Mãos a parte

Mãos a parte

 

Seu corpo já conhece as minhas mãos

Elas são quase uma parte, uma extensão dele

Cada contorno, cada curva, cada estria, cada cicatriz

Minhas mãos a conhecem por dentro e por fora

Elas sabem onde tocar bem suave, bem forte e apertar

Essas mãos que tu adoras quando passeiam em ti

Puxa os cabelos, aperta os ombros, envolve teus seios

Num deslizar coxas acima, te fazem tremer e gemer

Minhas mãos e você têm um caso à parte, entre nós

 

Charles Silva

Ruas de São Paulo

Ruas de São Paulo

 

Tarde demais pra doer, longe demais pra olhar

Não há mais amor nessa cidade, ilusões ainda resistem

Em meio a praças, pontes, rios e ruas, não se vê afeto

Gente semimorta pragmática desfila, mas não anda

Edifícios, catedrais e viadutos, todas as ostentações

Enigmática é a minha passagem minuciosa, desperto olhares

Parece um mundo dentro de outro, um externo, outro interno

Ninguém fala com ninguém, nem o motorista diz bom dia

Devo ser uma ilusão holográfica em 3D que passa e pensa

Revolução Idiota

Revolução Idiota

 

Gosto antes de mim, depois de mim, por último de mim. Mas gostar não é a palavra certa, tem algo mais em jogo, tem coisas que só eu sei.

 

Procuro ventos, escolho cores, admiro tempestades

Tequila para dias frios, cerveja para dias quentes

Faço meu almoço, meu café, meu jantar

Cuido da minha casa, minhas coisas sem valor

O mundo lá fora não precisa da minha interferência

O mundo já é idiota demais e eu não compactuo

Sem ideologias, sem partidos, sem divindades

ALGUMA POESIA

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

 

Desconexão

Desconexão

 

No meu mundo não cabe mais ninguém

Meu barco está lotado além do limite

Meus dias não são mais a pensar em ninguém

Meu universo agora tem várias outras cores

Minha casa está limpa, organizada e bem cuidada

Reservo-me o direito de estar em paz e só

No meu mundo não cabem mais telefonemas

No meu mundo não cabem mais e-mail’s

No meu mundo não cabem mais mensagens

Portanto, desconecte-se do meu mundo

 

Charles Silva

Palavras e intenções

Palavras e intenções

Qual palavra procurar nos livros? Todas estão esgotadas
Que palavra consola, e consola a quem?
Palavras que não deveriam ter sido ditas
Palavras ao vento, o tempo leva
Nem o vento, e nem o tempo voltam
Palavras não têm razões, as intenções sim, elas têm

Charles Silva
 

OLHO COM MEUS OLHOS BAÇOS!

OLHO COM MEUS OLHOS BAÇOS!

 

Olho com meus olhos baços

Os rastos dos meus traços

Dos meus pés descalços

Na areia da praia!

Há no mundo montão de recalcos

Onde moram escondidos

Sonhos adormecidos,

Onde revejo apocalipses

De vivências perdidas

De vidas preenchidas

De amores refletidos,

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