SONÊTOS
Autor: Camilo Pessanha on Tuesday, 1 January 2013
Terra seca
terra quieta
de noites
imensas.
(Vento na oliveira,
vento na serra.)
Terra
velha
do candil
e da pena.
Terra
das fundas cisternas.
Terra
da morte sem olhos
e as flechas.
(Vento dos caminhos.
Brisa nas alamedas.)
Sem Saída. (Cordel)
Guel Brasil.
Nas terras onde eu morava
Lá nas brenhas do sertão,
A fome era companheira
Era...
Guel Brasil.
O mundo está caminhando para sua odisséia final. Agora o tempo está curto, e os humanos mais abastados que poderiam fazer alguma coisa para evitar a catástrofe vindoura, nada fazem; os Países desenvolvidos que fazem parte do primeiro mundo, projetam e pintam eventos das mais variadas formas, talvez pensando eles que estes acontecimentos surgirão em pontos isolados.
Acreditaram os romanticos que a arte residia principalmente na
disformidade. Se atravez das proprias dores descessem ás profundas
realidades da vida, teriam observado que... o viver do povo encerra
em si uma poesia sagrada. Sentil-a e mostral-a não é tarefa de
machinista; para tal, não é necessario juntar-lhe effeitos
theatraes.
... O que é preciso é ter olhos para vêr na sombra, na pequenez e
na humildade, é um coração que auxilie a vista nestes recessos do
lar, nestas sombras de Rembrandt.
Ha muitos sonhos de imaginação,
De mera phantasia:
Outros, que são a voz da prophecia,
A voz da intuição,
A voz do coração.
Pões fé em sonhos taes, Maria?... Pões?
E fazes bem, que ás vezes
Sonha a gente venturas e revezes,
Que se tornam depois
Bem certos! Ouve pois:
Ás vezes, como os grandes _phantasistas_,
Sinto o desejo intenso das viagens...
E ir sosinho habitar entre os selvagens,
Como n'um ermo os asperos trapistas.
As grandes, vastas, limpidas paysagens,
Que sabem vêr os immortaes artistas...
Teriam novos tons, novas imagens,
Longe do mondo avaro e as suas vistas!
Com uma virgem--flor d'essas montanhas--
Entre os mil sons das arvores extranhas,
Dos coqueiros, bambus... fôra feliz!...
Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
te conceder sepultura
Nas ruínas d'alguma herdade,
As aranhas hão de armar
No teu coval suas teias,
E nêle irão procrear
Víboras e centopeias.
E sobre a tua cabeça,
A impedi-la que adormeça.
- Em constantes comoções,
Has de ouvir lobos uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrões.
Ontem o pregador de verdades dele
Falou outra vez comigo.
Falou do sofrimento das classes que trabalham