Geral

Algum pensamento

Te vira, que na virada a conta e tua
o que não pode se adorar
o tempo é imperdoável
vai, anula!

Sendo a conta tua, caminha
com sapatos de camurça
pois de manhã vem o sol
mas o que refresca a mente é a lua

Se o mundo tortura
saibas amenizar a culpa
que não é dez por cento desta conta, tua

Desde que o mundo é mundo
e da imagem se fez a carne
eu não desejo, mas o mal poder atua
sobre meu tempo que não perpétua

DESCABIDO

 

Descabido

 

O poeta é um descabido
que transforma o universo em um grão
de areia insignificante e  singelo;
e alça voo sem tirar os pés do chão.

O poeta é um descabido
sem escrúpulo ou senso de proporção,
que transforma as estrelas em farelo
de purpurina pra enfeitar um coração.

'MODO POESIA'

Se me coloco no modo poesia...
me torno um 'dispositivo' do amor,
me comunicando com os deuses que me respondem com inspiração...
e num 'modo avião' dou asas a minha imaginação!
Me conecto a natureza, seus elementos, fenômenos e seres!
Com um 'pretérito mais do que perfeito', feliz e ainda presente,
E visualizo um sonho onde deslizo os dedos sobre aquela face!
Modo delírio, fascínio, desejo, alegria, tristeza e reflexão!

Lágrima transitória

Sou a lágrima transitória
que acaba em dor
a sombra anestésica do meu eu
o sorriso inebriante do espelho
— quem dentre estes reinos se reinventou, por favor!
Reensine
qual das dores eu consigo de imediato domesticar
como urso no circo que faz as crianças se alegrarem
aprendiz de um mundo tolo
onde o urso não poderá voltar para
seu verdadeiro habitat salutar
pois quem dobra a esquina
não quer da vida se esquivar
quer amores para apaziguar
também o canhão sem pavio
e megamente o espaço desejado

Temores apocalipticos

Apaziguar as estrelas
do antigo céu noturno
desobrigar estes coronéis das suas armaduras forjados em
guerreiros de gabinetes em suas espreguiçadeiras
o poder brutal das espadas reluzentes de suas cadeiras pau Brasil
as ameaças dos papéis imutáveis e das penas,
mas e da tinta a pior sentença,
acomodar os asteroides furiosos
contra um povo já moribundo
ainda não, mas parece o fim de tudo
preparação para o Armagedom
mas sempre temos temores apocalípticos?
ainda não, mas parece o fim do mundo

Olhos

Trinta mil olhos que abusadamente, e em grande observatório
observam com grande perícia
alienam e alimentam
o desentendimento humano
a supremacia do bem é enganosa
na estante dos capciosos,
bandeiras com imagens tolas
tantos chefes enaltecidos para o mal por dindim
morreu mais um querido em dor
não faz parte de estatísticas
nem laudos explicativos
a vida pode ser parceira antes do fim? Será que sobrevivo?
Melhor um Rin Tim Tim amigo
ao invés de um inimigo cão dizendo
sim, sim, sim

Amigo

Irmãos que não suplementam
a irmandade de plantão
paz que não alcança
a satisfação pretendida
de oficial mesmo
a dor invencível

Falta pouco para o ranger dos dentes
informa o impávido colosso
o ar contaminado enche de desilusão
as expectativas neutralizadas
mas não perdidas do jovem moço

Maldade mesmo e a ausência
dos caninos de alguém com fome
verdadeiro irmão e o que não
abandona seu amigo
perversidade e a saudade
dos beijos do grande amor

Válvula de escape

Mundo, deixa eu ser o último Ultraman
acabar com os monstros criados
em laboratórios particulares
ou em poderosas usinas nucleares

Mundo, não me deixe olhar a vida apenas da varanda
quero lembrar também o palhaço de sorrir
alegrar a cor de cinzas sem alma
amenizar a dor de circos em chamas
onde o que vale é quem tem dinheiro em pastos alheios

Mundo, que o meu circo seja como o sol
de alegria internacional
mas charme menos drama

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