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A boneca

A boneca

 

Que linda foi a surpresa

Naquela noite de Natal

O pinheiro iluminado

Com estrelinhas e bolinhas

E o presente habitual

Estava ela na caixinha

Escondidinha entre laços

E papel sacramental

Abria e fechava os olhinhos

Bebia leitinho e fazia xixi

Esta boneca era fenomenal

Foi meu último brinquedo

Que eu trouxe para Portugal

Em meus braços a protegi

Para ninguém a levar

Cansadinha que estava

Adormeci e não a vi ao acordar

Quando me sinto poeta

Quando me sinto poeta

 

Bordo versos com sentimentos meus

Disfarçada de escuridão, descubro a paixão

Renasço a cada aurora

Sou poeta que ri

Sou poeta que chora

Toco o azul do céu

Cubro a vida com um véu

Alcanço estrelas sem fim

E teço-as a marfim

Sinto o meu coração a mil

Será que estou a ficar senil?

Ohhh mesmo assim…

Sinto-me linda e maravilhosa

Até a noite está mais luminosa

E a lua mais formosa

Sou feita de pequenos nadas

Essa eterna melodia

Essa eterna melodia…

 

Melodia

Que escuto ao luar

Cobrindo-me de nostalgia

Canto sem voz

Que me faz sonhar…

Num recanto de noite gelada

Deixo-me dormir.

Enrolada na aurora

Acordo sobre o orvalho

Que me refresca a alma

Alguém continua a tocar

Aquela música calma

Mas tropeço nessa melodia

Nos acordes de uma “guitarra”

Que ficou esquecida

Suave melodia

Que se levanta e ergue como um muro

Dando-me ânimo ao romper do dia

Jardim encantado

Jardim encantado

 

Divago pela natureza

O eco estremecido da voz da poesia

Entoa por entre as cores do arco-íris

Caminho para o jardim encantado

Onde as flores são mais risonhas

Uma guitarra toca uma saudade desmedida

É lá que jazz meu coração

Num estado de alma inquieta

Entre cansaços e lamentos

A beleza de um sonho

Está agora envolta em névoa

Em mim a infância sobrevive

Num mar mudo de águas revoltas

A brisa estremece

No sossego azul do meu céu

Escreve-me

 Escreve-me

 

Quisera eu transformar-me em vento

Chegar como brisa fresca

À ponta dos teus dedos

Desfolhar os livros teus

Beijar tuas poesias

Com o sabor dos beijos meus

Mas eu não sou vento

Sou apenas pensamento

De ternura que o mundo me deu

Quando meus olhos leem tuas páginas

Encantam-se com a letra dos teus versos

Meu espírito cresce

E o amor em mim se fortalece

Procuro-te oculta no horizonte

Mas já me creio esquecida

Na água daquela fonte

Folhas que caem

Folhas que caem

 

Nas dobras do tempo

Soltam-se as folhas

Que caem singelas

Em piso molhado

Umas redondas avermelhadas

Outras amarelas aveludadas

Outras verdes,  acastanhadas

Carnudas, pontiagudas

Caem no chão

Cobrem o solo cinzento

Da cor do outono

São semelhantes

Mas todas diferentes

São poemas de amor

Que o vento deixa

Aqui e acolá

Nos olhos de quem espera flores

Voam folhas de Outono

Por entre as chuvas

Deixando o perfume

Essência da vida

Essência da vida

 

Reinventa-te sempre que a vida

Pedir um pouco mais ti

Perde-te, procura-te e encontra-te

Valoriza a essência da vida

Cultiva valores

Ama profundamente

O amor é a essência da alma

A vida é uma rua de sentido único

Segue em frente

Não faças marcha atrás

Na essência da vida

Tua alma tem pressa

Nunca desistas de amar

Assume o risco

Demonstra o teu amor

Pratica a bondade

Não cries sofrimento

Brilha, conquista, aparece

Mãe África

Mãe África

 

Em Teu ventre

Vivi meus sonhos de menina

Minha terra mãe, muito amada

Bela e cheia de corres da natureza

De águas coloridas és banhada

Mãe África, quanta beleza!

Há harmonia nas correntes das tuas águas

Há sossego em teus lagos

Mas a vida…

Matou em nós a esperança de viver em tuas entranhas

Geraste o homem negro e o homem branco

Foste o berço de toda a humanidade

Mas muitos dos teus filhos te foram retirados

Arrancados do teu ventre por malfeitores

O mar em mim

O mar em mim

 

Velejo e mergulho

No mar que habita em mim

Mar calmo

Mar salgado e denso

Suave fragância

Beija minha pele adormecida

Neste mar de sonhos

Quero embriagar-me

Em busca de pensamentos

O céu é o limite

E abraça o mar em mim

Encanto-me com o som das ondas

Ao bater em meus rochedos

Desafiando minh`alma

Afogando meus medos

E a distância que não tem fim

Mar calmo, mar poderoso

Que leva para o rio

Pedaços de mim!

Preciso de colo

Preciso de colo

 

E as horas passam lentas e compassadas

Meus olhos refletem a saudade em meu olhar

Preciso de colo…

Um colo que me afague a alma

Que me perfume o coração.

Este turbilhão que sinto

Necessita de ser mesclado de serenidade

Preciso contemplar as estrelas sem chorar

Beijar a lua em silêncio antes de me deitar

Preciso fazer-me de poeta

E libertar minhas emoções

Não entendo o mundo e suas gentes

Não me entendo a mim mesmo

Ao querer refugiar-me na solidão

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