Prosa Poética

Para além do silêncio...

Para além do silêncio…resta um hora raquítica e solitária
O esbanjar de uma palavra mirrada, enferma e tão precária
O intimo apascentar de uma caricia carente, voraz e necessária
 
Para além do silêncio…resta uma devoradora escuridão mendigada
Resta medir cada centímetro deste silêncio divagante e emancipado

Luz na escuridão

Uma luz nesta escuridão flutua imarcescível e glorificada
Imprevisível a solidão esconde-me incompreendida e esfarrapada
Em rodapé fica uma palavra carente, amblíope e homogeneizada
 
Qualquer luz na escuridão contorce-se no meio de breus alucinados
Qualquer lamento sussurra entre silêncios quânticos e tresloucados

A Despedida

 
‘’Meus olhos se fecharão como todos os olhos.

Cruzem-me as mãos.
Quero posar para a morte.
Mas não vos direi “mais luz”
Nem haverá êxtases, eu vos juro.
A paisagem infiel, lenta, confusa,
Será a cinza sem cor, sem cor.
Apenas a cinza sem cor.
Mas antes que venha o silêncio,
Trazei-me o intérprete.
Porque há o nada e o sempre.
Mas trazei-me o intérprete
Antes que venha o silêncio,
E antes que eu vá, como irei,
Sem vos contar o fim.’’ (Antônio P. de Medeiros)

Iblis

Não me rebaixo a vós, sou a queda em ideia, não me curvo em tua opressão. Desobediência me goza nos pecados eternos. Não se enfureça contra teu filho, oh! Pai. Nosso jardim é magnificente: o cheiro doce das pétalas que fraga nossos pulmões, a gota d’água que desliza na bela árvore-da-vida. A firme terra que nos sustenta com a graça da natureza, carregando o peso de aguentar todas as formidáveis criaturas.

De viés para a solidão

Em diagonal e quase de viés o tempo confina um
Oblíquo silêncio imaturo, desenfreado e tão inseguro
A luz ofuscada desata os nós a um breu fiel e maduro
 
De viés todos os segundos dominam uma hora prenhe e lasciva
Olhem como se esconde aquela escuridão intima e possessiva

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