Prosa Poética

Sopro de vida

Importei as tranquilidades do silêncio
 
pra dentro de mim
 
desafiando meu embriagado canto
 
que enlevo beber
 
nos lábios teus
 
assim enobreças a doce manhã 
 
onde em ti cada beijo caber
 
-São palavras essênciais
 
ressurgindo no tempo etéreo
 
desintegrando
 
o fogo
 
a luz
 

Aparências

À dor neguei tua partida
 
quando partiste
 
e eu
 
sem esperança
 
ao tempo estanquei qualquer
 
queixume por te ter
 
na minha ausência
 
quando despertámos mais confidentes
 
aposentando qualquer felicidade
 
baralhada pelo destino
 
inevitável,fugaz
 
camuflado de tanta criatividade

Pelos requintes do tempo

Apurei os ouvidos
 
escutando tantos forjados
 
cânticos de amor e esperança
 
correndo para ti ébrio de vida
 
latindo em tuas cascatas
 
feitas vestes no teu ser
 
que desnudo silenciosamente
 
revigorando a leda noite
 
que fecundo deliciosamente
 
 
– Restam curtas memórias
 
nestes meus versos

Porteiro da noite

O porteiro da noite escancarou
 
o silêncio nascido na vagem
 
desta poesia
 
procurando um colo onde
 
pernoitar no semblante
 
predador de um beijo
 
que desperta alucinante
 
 
Foi benigna tão
 
farta excitação
 
quando destranquei a loucura
 
onde me embebedei de paixão
 

tenho medo

Tenho medo

Já rasguei a página

Onde tinha escrito os meus medos guardados

Agora escrevo um poema rasurado

Onde abandono despojos de recordação

Entre túmulos e sarcófagos

Jaz minha mente cansada.

No campo de batalha…escrevo-te uma carta

De sentidos doridos, de alma ferida

Estou cansado de escrever!!!

Cartas debotadas, rasuradas

Desta guerra, dentro do meu ser

Das lágrimas que verto

Ao sentir o tempo correr.

Já não sei se te amo

Ou se te faço sofrer

Já não sei se te quero

folha rasurada

Folha rasurada

Olho para ti, alva

Branca e limpa

Absorvo a tua textura , desabafo…

Ai!! Como te quero rasurar!!!

Meu peito dói-me, alguma metáfora sairá

E enaltecerá o que meus olhos abarcam

E quando passar na viela

Verei rostos brilhando, sorrindo para uma vida

Desenho com palavras, os rostos os sorrisos

Traquinas e jovens …invejo!!

E rasuro dentro de mim a minha inveja

Que outrora também foi traquina e jovem

Rasuro pela palavra, desejo

Desejo ser eternamente jovem

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