Saudade

Página 6 do meu livro-saudades do meu filho

No sexto mês

Comecei com a poesia,

Tentando, em tudo, ver alegria,

Com o tempo...quem diria,

Que muitos amigos eu tinha,

E eles me acolheria,

No mundo em que eu vivia,

Solidão me perseguia,

Conversar não conseguia,

E viver assim, não poderia,

No abismo cairia,

E nada mudaria,

Pra sair da agonia,

Precisava de companhia,

Muita coisa não sabia,

Por tudo que passaria,

A vida ensinaria.

Solange Pansieri

 

 

 

Página 5 do meu livro-homenagem ao meu filho que partiu

No quinto mês

Com um novo olhar,

Tentando melhorar,

Evitando reclamar,

Para as coisas facilitar,

A paz mentalizar,

Pra que eu pudesse suportar,

A tristeza do olhar,

E a vontade de chorar,

Com o tempo iria passar,

Por não ter como apagar,

Seia preciso lutar,

Que tudo iria mudar,

Difícil de enxergar,

Mas era preciso acreditar,

E continuar a caminhar.

 

Solange Pansieri

Página 4 do meu livro

No quarto mês

Melhor eu parecia,

Mas precisava de alegria,

Para o dia que amanhecia,

Para o sol que aparecia,

Quando a lua se escondia,

Muita paz eu merecia,

Enquanto eu sofria,

Muita lágrima caia,

E nada acontecia,

Até que um dia,

Ventos de calmaria,

Na minha vida assopraria,

E na nova realidade eu vivia,

Mas, com a esperança que me pertencia,

Renascia! Sabia que conseguiria.

Noite vs Saudade

A noite vem poisando devagar sobre a terra,
Que a inunda de amargura,
E nem sequer a benção do luar,
A quis tornar divinamente pura.
Ninguém vem atrás dela,
A acompanhar a sua dor, que é cheia de tortura,
E eu oiço a imensa noite a soluçar,
E eu oiço a soluçar a noite escura...
Porque és assim tão escura, assim tão triste?
É que talvez ó noite, em ti existe,
Uma saudade igual à que eu contenho.
Saudade essa que eu sei de onde vem,
Talvez de ti ó noite, ou de ninguém,
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho.

Já Não Existem Cancioneiros

Já não existem cancioneiros
manuscritos de vivos versos
colectados e materializados
por poetas complexos.

Já não existem trovadores
daqueles de cistre em riste
entoando a canção triste
das suas coitas d'amores.

Dizemo-nos poetas hoje
esquecendo o que um dia foi
a história da poesia lírica.

SOMBRA

Perdi-me entre
A minha sombra
Do meu reflexo
No telhado esburacado
Dos vidros partidos
Na janela do quarto
Da casa assombrada
Nos lençóis molhados
De suor ou desejos
Senti os teus braços
No último suspiro
Do meu bafo ou teu.

 

NOITES

Ando a procura na noite
Dum grão perdido na areia
Noites com a densidade sufocante
Onde a lua permanece no céu
Acompanhado de nuvens cinzentas
Noites em que as pálpebras
Não querem cedem a fadiga
No doce sabor do teu sangue
Que corre pelas minhas veias
Percorrendo meu corpo
- Ao encontro do teu
Alimenta-me com o teu amor
Pois o meu corpo esta febril
- Sedento de fome
Tento encontrar-te meu amor
Neste deserto esquecido
Dentro do meu pensamento.

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