Saudade

Casa Vazia

Depois de muito tempo

Resolvi voltar para o meu lar

Quando eu cheguei na calçada

Notei que estava tudo mudado

No portão não havia ninguém a me esperar

No jardim as flores estão morrendo

Não ha mais rosas vermelhas e amarelas

Que você tanto gostava

O nosso jardim esta abandonado

Já não esta mais sobe os seus cuidados

Tentei abrir o portão

Mas a fechadura você trocou

Também e outro o numero do seu celular

Porque contigo não consigo falar

Mais o numero da nossa casa

A escola Da Fazenda

Ha muito tempo fui embora daqui

Senti saudades voltei estou aqui

Não vejo nenhum sinal de você

Alguns amigos eu ainda encontrei

Por você eu perguntei

Nenhum deles soube me dizer

 

Caminhando pela fazenda

Vi a escola abandonada

Foi ali ao seu lado

Que aprendi ler as primeiras palavras

Nas provas para passar de ano

Alguma cola te passava

O nosso mundo era tão pequeno

Em pensamento eu ti amava

 

Na saída da escola

Na volta pra casa te acompanhava

No meio do caminho

Guardião de segredos

Em meio a selva escura,
Densa,
a passos curtos,
arrasta-se o longevo.
 
A passos curtos,
a mente vaga, distante,
neste mundo tão cinzento,
neste mundo tão cinzento,
que um dia relumbrastes.
 
A tempos relumbrara,
lhe resta apenas
memórias vagas,
memórias fracas.
 
Caminha,
Longevo,
em meio a selva escura,
a mente distante,

As laranjeiras e o meu pai (2)

A vida é um somatório de momentos, de instantes, não existe nenhum conversor de escalas que os quantifique, podem durar uma eternidade ou simplesmente nada ultrapassando o tempo sem deixar rasto.

Outros permanecem para sempre! O sorriso do meu pai, o olhar terno do meu filho, a minha filha nos meus braços, as palavras mágicas da minha avó, a primeira vez que vi uma estrela-do-mar azul, o barulho do ribeiro da azenha e o cantar do rouxinol da eira nas noites quentes de verão.

A Borboleta

Naquele dia de sol intenso

Entre pessoas e crianças em festa

Uma borboleta espalhou sua beleza

Pousou no meu dedo e prendeu-me o olhar

 

Contou-me segredos, sussurrou com ardor

Cativou-me e depois voou para longe

Será que a posso reencontrar?

A distância era mais longa que um salto

 

Agora compreendo o termo platonicus

Querer tocar sem poder sentir

Ter medo de fazer ruir algo que não construi

Mas ainda assim desejar de forma ardente

 

Ter esta borboleta novamente em mim

Jau -1

Jau - 1

É uma história que tem como protagonista o cão que marcou a minha infância, o Jau, um pastor alemão que o meu pai trouxe da Guiné Bissau algum tempo antes do fim da guerra.

Era um cachorrinho, a minha mãe colocou-o dentro de uma sacola, deu-lhe um comprimido para dormir e escondeu-o com algumas roupas. Nesse dia no Aeroporto da Portela, a minha avó gritou - “Olha o Zeca de bigode!”.

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