Saudade

Poema de outrora

Poema de outrora

 

Quando me deito em prado verde

Sinto o olor das flores silvestres

Perfumarem meu rosto com seu afago

Adormeço profundamente em relva húmida

Ao som do cantar das cigarras

Desce sobre mim o céu azul

Tua voz serena me desperta

Quero apenas ler, ler o que não vejo

Encontrar o poder de voltar ao mundo

Que perdi, sem o viver

Procuro lembranças que não existem

Outrora não era o que parecia…

O sol é belo, dizem os pássaros

Desde o aconchego dos seus ninhos

Repouso da saudade

Repouso da saudade

 

Memorias arrancadas

No peito guardadas

Esperanças perdidas

De abraços teus

Olhos molhados

Rasgando rugas

Pensamento meu

Em versos se escondeu

Dor renitente rasga a alma

Sedenta de versos teus

Há poemas que beijam

Bocas silvestres

De luz intermitente

Na áurea terrestre

Refugio-me nos teus olhos

O teu olhar

O TEU OLHAR

 

Nos teus olhos

Que hoje já não me olham mais

Consigo ver o mundo que deixaste

A paz, a luz, a cor da vida

Consigo visualizar todo o amor

Que deixaste em mim

Pelos teus olhos

Vejo o mar que vais velejando

No céu do meu pensamento

E carrego o encantamento

Que a vida me ofereceu pela tua mão

Teu olhar tem a pulsação do amor

Teu olhar é orvalhado de ternura

Teu olhar é um poema de saudade

Teu olhar é um riacho sereno

Mulheres vestidas de preto

Os homens da minha aldeia morrem cedo, as suas mulheres vestem-se de preto, é uma fatalidade que aceitam com sofrimento e serenidade, com coragem… Sempre assim foi.

As mulheres vestidas de preto olham o futuro com determinação e transformam o presente. Trabalham descalças no verão, cultivam, regam, lavam, cozinham, abraçam os filhos, choram…

Quando caminham para o campo sorriem, vivem as emoções certas nos momentos certos, têm as palavras certas para dar às pessoas certas, têm a alma aberta e o coração fechado.

Página 8 do meu livro-Nem tudo se perde,a história continua

No oitavo mês

Dia das mães,meu aniversário e eventos,

Em meu pensamento,

Muito tormento,

Mistura de sentimentos,

Sendo assim...não comento,

Só espero os acalentos,

E junto com o vento,

Se vai o lamento,

E o palhaço correndo,

Em busca do reconhecimento,

Justiça e merecimento,

Poesias e discernimento,

Orações para o ferimento,

Benção para o arrependimento,

Nos unimos no sofrimento,

Buscando o alimento,

Nos piores momentos.

Solange Pansieri

 

Página 7 do meu livro-saudades do meu filho

No sétimo mês

Dureza lidar com a saudade,

Com tanta serenidade,

Essa é a verdade,

E ao cair da tarde,

As vezes parece maldade,

A minha realidade,

Um verdadeiro massacre,

Caminhávamos a tarde,

Conversávamos sobre a eternidade,

Mesmo com adversidades,

Hoje...para encontrar a felicidade,

Me esforço barbaridade,

Buscando na espiritualidade,

Força e responsabilidade,

E quando a tristeza invade,

Choro e peço piedade,

Com toda voracidade,

Pra esse Deus de verdade.

Página 6 do meu livro-saudades do meu filho

No sexto mês

Comecei com a poesia,

Tentando, em tudo, ver alegria,

Com o tempo...quem diria,

Que muitos amigos eu tinha,

E eles me acolheria,

No mundo em que eu vivia,

Solidão me perseguia,

Conversar não conseguia,

E viver assim, não poderia,

No abismo cairia,

E nada mudaria,

Pra sair da agonia,

Precisava de companhia,

Muita coisa não sabia,

Por tudo que passaria,

A vida ensinaria.

Solange Pansieri

 

 

 

Página 5 do meu livro-homenagem ao meu filho que partiu

No quinto mês

Com um novo olhar,

Tentando melhorar,

Evitando reclamar,

Para as coisas facilitar,

A paz mentalizar,

Pra que eu pudesse suportar,

A tristeza do olhar,

E a vontade de chorar,

Com o tempo iria passar,

Por não ter como apagar,

Seia preciso lutar,

Que tudo iria mudar,

Difícil de enxergar,

Mas era preciso acreditar,

E continuar a caminhar.

 

Solange Pansieri

Página 4 do meu livro

No quarto mês

Melhor eu parecia,

Mas precisava de alegria,

Para o dia que amanhecia,

Para o sol que aparecia,

Quando a lua se escondia,

Muita paz eu merecia,

Enquanto eu sofria,

Muita lágrima caia,

E nada acontecia,

Até que um dia,

Ventos de calmaria,

Na minha vida assopraria,

E na nova realidade eu vivia,

Mas, com a esperança que me pertencia,

Renascia! Sabia que conseguiria.

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